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hikafigueiredo

"Mulheres do Século 20", de Mike Mills, 2016.

Filme do dia (93/2020) - "Mulheres do Século 20", de Mike Mills, 2016. - EUA, 1979. Dorothea (Annete Bening) é uma mulher de meia idade, descasada e mãe de um rapaz de 15 anos, Jamie (Lucas Jade Zumann). Com dificuldade em lidar com seu filho, Dorothea pede a ajuda de Julie (Elle Fanning), melhor amiga do rapaz, e Abbie (Greta Gerwig), jovem inquilina de Dorothea, para guiá-lo pela vida.





Putz, que filme bacana!!!! Que riqueza de assuntos, facetas, "ângulos" tratados!!!! A obra é francamente feminista, mas, na minha opinião, extrapola essa característica e trata de muito mais do que essa temática. A história se passa no fim da década de 70, momento em que sonhos e expectativas se esfacelavam e não havia muito o que colocar no lugar. Todos nos EUA, mas, principalmente os jovens, encontravam-se um pouco perdidos, sem perspectivas, como num grande vácuo. Nesse panorama, os personagens da narrativa - principalmente as mulheres da história - tentam "se encontram", tentam definir seus espaços naquele mundo um tanto quanto desolador. Partindo disso, temos um série de exposições de questões femininas e as personagens tentando lidar com essas questões. Não há, exatamente, respostas, mas existe uma rica discussão acerca do encontro do espaço da mulher no mundo e na sociedade. Algumas cenas são brilhantes: a cena da menstruação; a discussão de Jamie com seu colega acerca do orgasmo feminino; quase todas as cenas de Abbie; mas, melhor que todos, é o trecho em que se expõe a invisibilidade da mulher madura - é simplesmente extraordinário. Através da narrativa, temos mulheres de diferentes gerações buscado seu espaço, errando, acertando, reproduzindo conteúdos machistas, revendo seus conceitos, ousando posturas mais feministas e igualitárias - gente, conteúdo riquíssimo, filme ótimo para discutir o feminino e o feminismo. Mas, como eu disse, a obra extrapola isso e temos, também, homens tentando entender essa nova mulher, homens tentando se despir de seus preconceitos e encontrar novos caminhos mais equânimes para mulheres e homens, homens se desconstruindo. É uma obra muito bonita, que merece reflexão mais aprofundada. O roteiro é amarradíssimo, não tem pontas soltas. Gostei do formato como os personagens são apresentados através da narração de diferentes pessoas, assim como gostei de saber, ao fim do filme, o que cada um fez de suas vidas. Adorei a trilha sonora com Siouxsie and The Banshees, Talking Heads, Devo, muito punk e até Louis Armstrong. Outra coisa que merece destaque é o elenco acertadíssimo!!! A escolha das atrizes foi feita a dedo, com atrizes que são representativas no feminismo. Annete Bening está maravilhosa como Dorothea; Elle Fanning interpreta uma Julie ainda perdida entre conceitos profundamente machistas que lhe foram transmitidos e a liberdade para escolher seus caminhos; mas, quem arrasa mais que todo mundo, é Greta Gerwig, num papel feito sob medida para ela - Abbie é o exemplo-mór da nova mulher que se assume, assume seus desejos, seus sonhos, seu corpo e não tem medo de se posicionar em relação a isso. Eu AMEI a personagem e, claro, o trabalho de Greta Gerwig. Profunda simpatia por Lucas Jade Zumann como Jamie e Billy Crudup como Willian, um homem bastante desconstruído e coerente. Achei o filme fantástico, acho que ficarei pensando nele por dias. Recomendo DEMAIS!

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