Filme do dia (165/2017) - "Nó na Garganta", de Neil Jordan, 1997 - Irlanda, década de 1960. Francie (Eammon Owens) é um garoto de 12 anos arruaceiro, violento e valentão. No entanto, por trás de sua figura infratora, há um jovem carente e sofrido, que se refugia na sua fértil imaginação para fugir de sua triste realidade, o que não o impede de entrar em uma espiral de violência.

Obra bem bacana, toda a narrativa se passa pelo olhar do menino Francie. É interessante ver "o outro lado" de um personagem que, naturalmente, seria visto com antipatia, como um verdadeiro vilão, desvendando suas fraquezas, medos e tristezas e trazendo humanidade para si. A escalada de violência vivida por Francie acompanha o esfacelamento de sua vida familiar, com um pai alcoólatra, vivido por Stephen Rea, e uma mãe (Aisling O'Sullivan) que, paulatinamente, perde o contato com a realidade, tanto quanto o jovem Francie. Para completar, a fragilidade da amizade com Joe (Alan Boyle), supostamente seu melhor amigo, ajuda a transtornar ainda mais a mente já conturbada de Francie. É um filme forte, capaz de gerar um sentimento conflituoso quanto ao personagem Francie, porque ele é realmente horroroso em suas atitudes, mas sabemos as coisas que o motivam e acabamos entendendo sua lógica, por mais que ela seja "torta". A obra é muito bem feita e tem uma fotografia legal, quase o tempo todo escura e com paleta de cores voltada para os tons marrons. Mas o destaque absoluto fica por conta da interpretação impressionante do jovem Eammon Owens, que se revela um excepcional ator mirim - não deve ter sido fácil passar da docilidade para a fúria, da sensibilidade e simpatia para a violência mais tresloucada e Owens consegue fazer isso com muito talento, incrível. É uma obra ótima, vale a pena ser vista, recomendo muito.Ps - Obrigada Liz Frizzine pela ótima dica!
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