Filme do dia (26/2018) - "Neve Negra", de Martín Hodara, 2016 - Após a morte do pai, Marcos (Leonardo Sbaraglia) retorna para as terras da família, na Patagônia, onde precisa confrontar seu irmão Salvador (Ricardo Darín), que resiste à venda da propriedade. Do contato, virão à tona dramas familiares e mentiras guardados por toda uma vida.
A obra transita, com equilíbrio, entre os gêneros drama e suspense. Apesar de, inicialmente, o filme ater-se mais ao drama familiar envolvendo a morte de Juan, irmão mais novo de Marcos e Salvador, o público rapidamente percebe que a história de tal evento guarda segredos não revelados, que, paulatinamente, serão descobertos. A obra trabalha temas como mentira, covardia, lealdade, afetos familiares e solidão. À medida em que a história transcorre, a curiosidade do público acerca do evento macabro cresce, culminando nos minutos finais com uma revelação surpreendente. O filme trabalha quase constantemente em dois tempos cronológicos distintos - o presente, com os personagens Marcos e Salvador adultos e entrados em anos, e o passado, quando os irmãos eram apenas dois adolescentes e ocasião onde se deu a morte do irmão mais jovem. A construção dos personagens é interessante e a revelação inesperada pode fazer com que a impressão dos espectadores acerca dos irmãos sofra uma reviravolta. A frieza das locações na Patagônia reflete a falta de afeto e consideração nas relações familiares envolvidas. Ricardo Darín, como sempre, traz uma carga dramática fortíssima para o filme e acaba por encobrir a interpretação de Leonardo Sbaraglia, apenas correta. Laia Costa, por sua vez, interpreta com competência a doce e frágil Laura, a esposa grávida de Marcos, que se revelará um pouco "diferente" ao fim da obra. O filme é razoável - não me arrebatou, mas não pode ser considerado um filme ruim, afinal funciona bem e tem um suspense bacana (e ainda tem Ricardo Darín que, via de regra, é sempre um mérito e um prazer). É... dá para ver sem receio.
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