Filme do dia (04/18) - "O Último Tango", de Germán Kral, 2015 - María Nieves e Juan Carlos Copes, os mais famosos dançarinos de tango da Argentina e responsáveis pela divulgação desta dança pelo mundo afora, contam sua história de amor e ódio e a paixão pelo tango que os manteve unidos nos palcos por quase 50 anos.
Documentário fantástico sobre a dupla de dançarinos de tango que emocionou não só a Argentina mas, também, o mundo todo com suas apresentações apaixonadas, o filme concilia entrevistas com os bailarinos, cenas reais das apresentações e partes encenadas por jovens dançarinos e coreógrafos de tango. A obra aborda, além da relação profissional, as questões pessoais e afetivas conturbadas relacionadas à dupla. É emocionante constatar que a paixão pela dança manteve-os unidos a despeito do péssimo relacionamento amoroso que tiveram. Por outro lado, é triste constatar que um artista primoroso como Juan Carlos Copes, visionário, talentoso, apaixonado por sua arte, possa ser, na realidade, um homem machista, cruel, insensível e egoísta como salta aos olhos no documentário. Independente das questões pessoais que "pesam" na obra, o filme flui deliciosamente bem e as inúmeras cenas de dança são um deleite para qualquer pessoa que goste do tema. María Nieves e Juan Carlos Copes, juntos, dançando, eram um verdadeiro vulcão em erupção, sua dança era enérgica, forte, apaixonada. As passagens encenadas pelos jovens bailarinos, ainda que belas e perfeitas, carecem da paixão que transbordava na dupla real, uma mistura de emoções, conflitos, amores e ódios, tudo ao mesmo tempo agora. No entanto, o filme cria uma expectativa - uma última dança da dupla, após muitos anos separados e sem ter qualquer mínimo contato - que, sinto muito, não se concretiza e que desperta uma frustração monstro no espectador (curioso que, na capa do DVD, há uma fotografia dos dois bailarinos juntos, como estão atualmente, cena esta que inexiste no filme - desconfio que o reencontro não tenha sido nada agradável e que a cena tão esperada acabou sendo cortada na edição final por exigência de uma ou das duas partes). A obra é maravilhosa e, para quem gosta do tema, é um prazer imensurável assisti-la. Recomendo sobretudo para os apaixonados pela arte da dança.
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