Filme do dia (226/2021) - "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", de Andrew Dominik, 2007 - EUA, década de 1880. Jesse James (Brad Pitt) é um famoso criminoso que assola o país, assaltando bancos e trens. Com sua cabeça a prêmio, Jesse James vive se ocultando, o que não o impede de realizar novos crimes, oportunidade em que integra ao seu bando os irmãos Charley (Sam Rockwell) e Bob (Casey Affleck). Aos poucos, Bob aproxima-se de Jesse James, ganhando a sua confiança, o que se mostrará um grave erro do pistoleiro.
O filme relata os últimos meses da vida do famoso pistoleiro Jesse James, com especial foco em sua relação com o jovem aspirante a criminoso Robert Ford. Logicamente, a história real é profundamente romanceada, inclusive pela maneira como Jesse James é retratado - de criminoso ele é quase alçado a herói. Apesar de ser uma obra interessante, ela é bastante voltada ao público norte-americano, pois menciona personagens históricos acerca dos quais eu jamais ouvi falar, sem qualquer preocupação em introduzi-los aos espectadores. O filme discorre sobre a relação de admiração e inveja que Robert Ford tinha em relação a Jesse James - profundo admirador do criminoso quando criança, Robert aproximou-se de Jesse James imaginando um futuro de glórias e fama ao seu lado, mas, com o tempo, passou a desenvolver enorme despeito e mágoa por seu antigo ídolo, culminando na traição imperdoável mencionada no título. A narrativa é predominantemente linear, com alguns poucos flashbacks. O ritmo é lento para moderado e a atmosfera flerta com o suspense - nós sabemos o desfecho, mas ficamos, ao longo da obra, naquela apreensão de quando e como será o assassinato de Jesse James. A história é acompanhada por um narrador em "off" que discorre, principalmente, sobre as intenções e emoções dos personagens. Tecnicamente, a obra é irretocável - além da direção de arte de época muito caprichada, o filme tem uma fotografia lindíssima, em tons quentes, aproximando-se de um sépia, que nos remete às fotografias antigas. A trilha sonora é assinada por ninguém menos que Nick Cave, que, inclusive, tem uma pequena participação na obra como um músico de bar. O elenco é estreladíssimo - além de Brad Pitt e Casey Affleck, Sam Rockwell, Sam Shepard, Jeremy Renner, Mary-Louise Parker, Zooey Deschanel e Paul Schneider. Os destaques ficam por conta de Sam Rockwell como o bobalhão Charley e Brad Pitt como o carismático Jesse James; mas, quem arrebenta mesmo é Casey Affleck como o invejoso, falso e covarde Robert Ford - o ator está excepcional no papel, seus olhares de despeito, sua tensão constante por estar eternamente tramando coisas, sua falsidade por detrás de sorrisos, tudo é perfeito, tanto que o ator concorreu a Melhor Ator Coadjuvante no Oscar, no Globo de Ouro, pelo Sindicato de Atores e no Critics' Choice Awards. O filme é legal, mas eu enxugaria uma meia horinha dele, porque o achei um pouco longo demais sem necessidade (2h39min de duração). A obra vale a pena principalmente por sua fotografia e pela interpretação de Casey Affleck. É bacana e eu recomendo.
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