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  • hikafigueiredo

"O Filme da Minha Vida", de Selton Mello, 2017

Filme do dia (222/2018) - "O Filme da Minha Vida", de Selton Mello, 2017 - Sul do Brasil, 1963. Após se formar na faculdade, Tony (Johnny Massaro) retorna para Remanso, sua cidade natal na Serra Gaúcha. Ao chegar ao local, descobre que seu pai Nicolas (Vincent Cassel) retornara para seu país de origem, a França, abandonando sua mãe Sofia (Ondina Clais).]





A obra acompanha um fragmento da vida de Tony, especificamente, o momento do abandono do pai e a descoberta do amor, discorrendo sobre relacionamento familiar, afetos, confiança e, acima de tudo, amadurecimento. Ao longo do filme, a narração em "off" do protagonista pontua momentos importantes de sua história. O roteiro possui duas linhas mestras - a questão do abandono paterno e o início do relacionamento amoroso do personagem -, mas também conta com outros fios condutores cuja função não me restou muito clara, como, por exemplo, a cena do bordel (okay,Tony precisava de um motivo para ir "para a fronteira", mas achei que a passagem pelo prostíbulo ganhou muito destaque e, no fim das contas, não tem qualquer importância para o desenrolar da narrativa). Por conta disso, o roteiro me passou uma sensação de "diluição", de "foco pouco claro", que só se dissolveu ao fim da obra, quando se evidenciou o que era importante e o que não era (sei lá, tive a impressão de que o filme seguiu uma estrutura meio de telenovela e isso não me agradou). Apesar desse roteiro fluo, o cerne da história se desenvolve com sensibilidade, em especial no que se refere ao relacionamento entre pai e filho. A narrativa alterna diferentes tempos: passado (a infância de Tony), presente (a juventude de Tony e momento principal da história) e futuro (a narração de "off" em forma de memórias) - pode parecer meio confuso explicando assim, mas dá certo. O clima do filme é ameno e extremamente nostálgico - não há arroubos sentimentais, tudo é bem delicado e sutil, como uma lembrança agradável. Tecnicamente, destaque absoluto para a fotografia excepcional da obra, em agradáveis tons amarelados/sépia, que reforçam a sensação de nostalgia já mencionada. A trilha sonora, repleta de músicas de época, é diferentona e chamou a atenção da "surda" aqui. No elenco, Johnny Massaro interpreta um Tony com cara de meio "perdido" que encaixa bem no papel; Selton Mello peca um pouco como Paco - o ator tem necessidade de exercitar seu talento cômico mesmo quando o papel dispensa completamente isso; na minha opinião, o Paco não deveria representar o alívio cômico, ele é um personagem dramático e bastante importante na trama e, apesar de ter dado risada nas frases de efeito do personagem, eu as achei completamente deslocadas e dispensáveis; Ondina Clais está ótima como a mãe de Tony, ela consegue trazer um "peso" ao abandono bastante importante para a narrativa; e Vincent Cassel é Vincent Cassel (>>>> fan detected) - o ator traz sempre muita dramaticidade para seus personagens, ele é muito expressivo, muito talentoso, muito... bom!!!! rs. A obra tem muitas qualidades, flui bem, é gostosa de se assistir, apesar de eu ter achado o roteiro meio falho. Vale a pena ver, no mínimo, pela beleza extrema do filme. Não amei, mas gostei bastante. Recomendo.

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