Filme do dia (05/2020) - "O Intendente Sansho", de Kenji Mizoguchi, 1954 - Japão, século XI. A família do ex-governador Taira é separada - seus filhos Anju (Kyoko Kagawa) e Zushio (Yoshiaki Hanayagi) são vendidos como escravos, enquanto sua esposa Tamaki (Kinuyo Tanaka) é obrigada a virar cortesã em uma ilha distante. Apesar de todo o sofrimento vivenciado, cada membro da família manterá a esperança de, um dia, se juntar aos seus novamente.
Com uma história dolorosa e comovente, o diretor Mizoguchi nos premia com uma obra excepcional que discorre sobre a crueldade humana, a misericórdia, a esperança e a luta pela justiça. Castigado por ser excessivamente caridoso com seu povo, o governador Taira é afastado do cargo e da região onde sua família estava situada, sendo enviado para terras distantes. No entanto, seus filhos e esposa jamais se esquecem de seus ensinamentos, e levam para a vida sua preocupação com o povo e sua postura misericordiosa com seus semelhantes. Como bom drama oriental, não se faz, na obra, concessões - não há o alívio, seja cômico ou dramático, muito comum no cinema norte-americano; é mesmo "a vida como ela é", com todo o peso de suas dores e sofrimentos, ou seja, prepare-se para muita desgraceira. O ritmo da narrativa é pausado, mas não tanto quanto o das obras do conterrâneo de Mizoguchi, Ozu. Destaque para a direção de arte de época e para a bela fotografia P&B. Ótimo, ainda, o trabalho do elenco. Como tudo o que vi de Mizoguchi, o filme é maravilhoso, tanto que foi agraciado com o Leão de Prata em Veneza. Vale cada segundo de duração. Recomendadíssimo.
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