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hikafigueiredo

"O Irlandês", de Martin Scorcese, 2019

Filme do dia (40/2020) - "O Irlandês", de Martin Scorcese, 2019 - Frank Sheeran (Robert De Niro) narra sua vida desde o momento em que entra em contato com a máfia local, na figura de Russel Bufalino (Joe Pesci), esmiuçando seu contato com o sindicalista Jimmy Hoffa (Al Pacino), importante figura pública da década de 60 nos EUA.





Após anos distante do tema, o diretor Martin Scorcese retorna a um de seus assuntos mais caros - o crime organizado dentro dos EUA, em especial a máfia ítalo-americana. Retoma, também, o trabalho com um de seus atores prediletos - Robert De Niro - e, de lambuja, junta nomes da estirpe de Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel ao elenco. O filme, um gigante de 3h38minutos, acompanha a história de Frank "o Irlandês" Sheeran da época em que era mero motorista de caminhão até ser cooptado pela máfia local, tornando-se peça importante dentro da organização criminosa. Com um início um pouco truncado devido a três linhas temporais que se alternam, depois da primeira hora o filme corre macio, envolvendo o espectador através das inúmeras ações criminosas em que o protagonista se envolve. A narrativa costura fatos reais e figuras históricas com personagens da ficção, destacando, de tempos em tempos, o desfecho (quase sempre sangrento) de cada um daqueles criminosos que realmente existiram. A narrativa, também, desenvolve-se em ritmo ágil até a terceira hora - e vai agradar muito quem gosta de filmes de máfia. No entanto, quem dá o tom final da obra não é o ritmo das violentas ações criminosas - e aqui temos o maior diferencial do filme. Não, a meia hora final de "O Irlandês" é dedicada à melancolia, ao ocaso da vida do protagonista. Ainda que a história seja narrada em primeira pessoa desde o primeiro minuto de filme, é no final que temos a dimensão da velhice e solidão de Frank. Último de sua geração de gângsters a permanecer vivo e abandonado pela família, só resta a Frank a solidão e as reminiscências de um tempo que já se foi, tempo esse em que ele era temido e poderoso. Há, aqui, uma quebra importante de ritmo e paradigma, pois é impossível não fazer uma comparação do que Frank significou no passado e o que restou dele no fim da linha. Assumo que o fim do filme me deixou meio mal, meio introspectiva. A direção de Martin Scorcese é irretocável, é perceptível como ele se sente à vontade ao dirigir um filme com esse ritmo e temática. Destaco, ainda, a montagem ágil e a trilha sonora com músicas das décadas de 50/60/70, ótima. Quanto às interpretações, por Deus, estamos falando de alguns dos maiores atores atuais de Hollywood, então é evidente que todo mundo brilha!!! Achei, no entanto, a atuação de Joe Pesci uma das melhores coisas da obra, melhor até do que De Niro e Al Pacino. Destaco a cena em que Frank conversa com a esposa de Hoffa ao telefone e a cena em que Frank e Russel, muito idosos, conversam - grandes atuações. Detalhe negativo: a ausência de personagens femininas de importância. O filme é excelente, mas, ainda assim, sofri com sua duração de 3h38min (apesar de achar que não tinha rebarba para cortar, não). Preciso rever "Os Bons Companheiros", mas minha percepção da época me diz que eu gostei mais dele do que de "O Irlandês" (vou tentar rever em breve para tirar a dúvida). Assistam, vale a pena.

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