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  • hikafigueiredo

"O Poço", de Galder Gaztelu-Urrutia, 2019

Filme do dia (117/2020) - "O Poço", de Galder Gaztelu-Urrutia, 2019 - Em uma sociedade hipotética, indivíduos são levados ou vão voluntariamente ao "Poço". onde lutam por sua sobrevivência. Acompanhamos, então, o trajeto do personagem Goreng (Iván Massagué) para manter-se vivo e lúcido neste local.





Li em algum lugar - tentei localizar onde, mas não consegui - que "Parasita" (2019) foi cafuné e "O Poço" é pé no peito. Nenhuma frase será tão cirúrgica. Ambos os filmes discorrem sobre o mesmo assunto: a sociedade capitalista e a luta de classes. Mas, enquanto em "Parasita" as metáforas são relativamente sutis e chegam mesmo a ser poéticas, em "O Poço" a coisa é escancarada, mal dá para dizer que são metáforas - e certamente não têm nada de sutis e, muito menos, de poéticas. A obra localiza-se no gênero terror - mas não existe nada de sobrenatural nela -, e o que mais aterroriza é que a história nada mais é do que uma representação da minha, da sua, da nossa existência!!!! Em outras palavras, todos nós vivemos em um grande filme de terror!!!! A obra tem um pé no "gore" e não são poucas as cenas que darão ânsia de vômito nas pessoas mais sensíveis, começando pela primeira, primeirinha, cena. O filme inteiro ocorre em uma única ambientação, causando um forte sentimento de claustrofobia - afinal, não conseguimos sair da nossa própria realidade... É uma obra que VAI causar repugnância, VAI causar desconforto e VAI deprimir o espectador - o que não quer dizer que ele não seja profundamente necessário, ainda mais nesse momento em que vivemos, em plena pandemia de Coronavírus. A obra é perfeitinha, desde o roteiro até a execução. Única crítica: achei o final bastante ingênuo, até mesmo romântico, mas entendo que, sem esse final, teríamos espectadores cortando os pulsos e se jogando das janelas e acho que a Netflix não está muito a fim de perder assinantes rs. Palmas para a direção de arte do filme, minuciosa em construir ambientes para nos causar desconforto. Palmas também para a fotografia e para a edição de som. No elenco, Iván Massagué, perfeito em sua interpretação de incredulidade, horror, indignação. Gostei bastante da interpretação de Zorion Eguileor como Trimagassi, num perfeito equilíbrio entre sadismo e conformismo, nenhum outro personagem mostrou-se tão adaptado àquele ambiente quanto o Trimagassi. Antonia San Juan, Alexandra Masangkay e Emilio Buale completam o elenco, todos muito bem. O filme é uma porrada, extremamente perturbador, mas ele é realmente necessário. Assistam.

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