Filme do dia (41/2021) - "O Príncipe da Cidade", Sidney Lumet, 1981 - Daniel Ciello (Treat Williams) é um policial corrupto de Nova York que concorda em trabalhar como agente infiltrado do governo em uma investigação para pegar criminosos e outros policiais corruptos. No entanto, ele estabelece como condição não colaborar em nenhuma investigação contra a divisão em que ele e seus amigos mais íntimos trabalham. Ao longo dos trabalhos, no entanto, ele será encurralado para denunciar seus colegas.
Filmes policiais raramente me seduzem - acho todos muito parecidos e eles, via de regra, me entediam. Comecei a assistir a este no intuito de conhecer um pouco mais acerca do cinema do diretor Sidney Lumet e, após um início sonolento, acabei me interessando pelos rumos que a narrativa tomava. A obra retrata o submundo do crime e das polícias, onde é difícil distinguir quem é o criminoso e quem está do lado da lei, pois ambos formam um "caldo" único. Mas, ainda mais interessante que este olhar sobre os esgotos policiais, é a crítica feita ao sistema que trata de maneira desleal seus próprios aliados. Na história, o policial Daniel Ciello passa a trabalhar como agente infiltrado do governo, o que, em última instância, significaria a prisão de inúmeros policiais corruptos. Sua única condição é deixar de fora amigos por quem Ciello tem uma lealdade canina. A condição é aceita e o policial passa a fazer contatos com diversas pessoas no submundo do crime, sempre se expondo e se arriscando a ser descoberto - o que o levaria, na certa, ao cemitério imediatamente. Ocorre que, com o passar do tempo, o governo começa a mudar as regras do jogo e, assim que a identidade de Ciello é revelada, o governo passa a enredá-lo para que ele denuncie seus amigos. Daí em diante, o governo passa a jogar sujo, traindo qualquer acordo prévio com o policial. Eu achei brilhante a forma como o diretor vai mudando a situação do policial e como o governo vai espremendo e sugando o personagem na intenção de deixar só o bagaço de Ciello. A narrativa é linear, muitíssimo bem estruturada, em um ritmo agradável. É necessário manter a atenção constante para não se perder nos rumos das investigações - são muitos e muitos personagens entrelaçados. Não vou tecer grandes elogios aos quesitos técnicos - fotografia, direção de arte, edição de som, tudo se mostra bastante comum, um filme padrão de Hollywood. O elenco é gigante e somente Treat Williams jamais sai de cena. O personagem Ciello vai, ao longo da história, se desmanchando - e o ator consegue, com habilidade, representar a desestruturação interna do protagonista. O filme é uma ótima obra do gênero policial, muito bem engendrada, com um roteiro muito amarrado - e se agradou a mim, que não tenho grandes afinidades com o gênero, facilmente vai agradar quem gosta deste tipo de filme. Vale a visita.
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