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  • hikafigueiredo

"O Som ao Redor", de Kleber Mendonça Filho, 2012

Filme do dia (24/2016) - "O Som ao Redor", de Kleber Mendonça Filho, 2012 - Everaldo (Irandhir Santos) chega a um bairro de Recife oferecendo-se, junto com outros colegas, para fazer a segurança das ruas daquele local. Aceito pelos moradores do bairro, o grupo passa a conviver com diversos tipos de pessoas.





Puxa... é difícil falar sobre esse filme! Primeiro porque a obra é composta por vários fragmentos da vida e rotina de diferentes personagens que só tem em comum viver naquele espaço físico. As histórias por vezes se entrelaçam, aproximam-se, afastam-se, mantem-se à margem umas das outras. Segundo porque é um filme que aparentemente não trata de nada específico, mas, na realidade, abarca uma grande gama de assuntos que vão desde relações sociais, cidadania, relações de trabalho, até o moderno coronelismo. Por fim, é um filme que sugere muito e que, acima de tudo, transmite emoções e sensações, por vezes sutis, outras horas mais explícitas. O tempo todo é perceptível, no filme, uma certa angústia, um tanto de ansiedade, uma insegurança quanto ao que vai acontecer daqui a poucos minutos. O medo sutil está presente o tempo todo, seja pela própria figura dos seguranças, seja pelo sem fim de portas com grades, janelas com grades, portões com cadeados e câmeras de segurança que perpassam o filme inteiro e que dão a sensação das pessoas estarem sitiadas em seus espaços privados. Nossa.... o filme é tão complexo em sua aparente simplicidade que daria uma análise bem profunda de páginas e páginas. Inclusive acho que preciso de um tempo para digerir a obra, porque tenho a sensação de não ter conseguido juntar todas as peças. O filme também não tem o tradicional "crescimento" até um clímax. Não, ele tem um desenvolvimento meio horizontal e nem mesmo o que mais se aproxima de um clímax tem uma evolução "crescente" - simplesmente acontece e surpreende. É um filme meio "ame" ou "odeie" (conheço ambos os casos, por sinal). Eu gostei bastante e achei muitíssimo diferente da grande parte das obras cinematográficas atuais. Tecnicamente o filme é muito bem feito, bem feito mesmo. O uso do som na história é diferenciado, há um "ruído" constante, que causa certa indisposição, certo mal estar, que ajuda muito a compor aquelas sensações que já falei antes. A utilização do som na obra realmente merecia uma análise mais aprofundada (e olha que eu sempre disse que sou surda para cinema!). A interpretação de todos os atores está de parabéns, mas é óbvio que Irandhir Santos se sobressai (fan detected!!!). Também gostei de Maeve Jinkins como Bia e Gustavo Jahn como João. Bom... para quem não viu, recomendo muitíssimo, avisando que é um filme diferente, não é para esperar algo tradicional.

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