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  • hikafigueiredo

"O Túmulo do Horror", de Camillo Mastrocinque, 1964

Filme do dia (132/2022) - "O Túmulo do Horror", de Camillo Mastrocinque, 1964 - A jovem Laura (Adriana Ambesi) sonha, com frequência, com terríveis mortes que sempre acabam se concretizando. Ela, como seu pai, o Conde Karnstein (Christopher Lee), teme que a jovem esteja sofrendo influências do espírito de uma ancestral centenária, queimada como bruxa na Idade Média e provocando tais mortes. Para desvendar a questão, o conde contrata um pesquisador, Friedrich Klauss (José Campos), para encontrar documentos que levem à verdade.





Último filme para ser visto do box "Obras-Primas do Terror - Gótico Italiano 2", da Versátil, a obra foi outra grata surpresa. Inspirada livremente no livro "Carmilla - A Vampira de Kerstein", de Joseph Sheridan Le Fanu, - que já rendeu alguns bons e maus filmes ao longo da história do cinema - a obra consegue enredar o espectador numa narrativa bem construída e cheia de mistérios e revelações. Claro que, aqui e ali, temos alguns pequenos equívocos, que, numa análise mais apurada, poderiam estragar um pouco a opinião do espectador acerca do filme, mas, na real, a obra se sai tão bem que eu nem quero ver eventuais pontas soltas para não passar a gostar menos do filme. A história gira em torno do nobre Karstein e sua filha Laura, os quais são descendentes diretos de uma conhecida bruxa da Idade Média. Ao ser queimada na fogueira, a tal bruxa lançou uma maldição em seus sucessores e prometeu acabar com sua linhagem. Quando mortes misteriosas começam a acontecer em torno de Laura, o conde e a própria jovem passam a desconfiar que isso é um reflexo do juramento da bruxa ancestral. Enquanto Laura desespera-se por seu infortúnio, seu pai busca a verdade e alguma solução possível. A narrativa é linear, com uma única cena em flashback. O ritmo é propositalmente irregular, com momentos mais lentos que preparam o clima de tensão, e outros bem mais marcados, que proporcionam picos de ansiedade. A atmosfera é maravilhosamente construída, tornando-se sombria, lúgubre e muito misteriosa. A ambientação, somada a uma fotografia P&B profundamente contrastada, e que juntas, evocam a estética do expressionismo alemão, são responsáveis pela formação do "climão" tão característico - os planos são quase sempre "recortados" por claros e escuros extremos, além de aproveitarem, em diversos momentos, os enquadramentos e posições de câmera criativos e pouco convencionais. O trabalho de interpretação dos atores e atrizes é bem acima da média para obras do gênero. O elenco é capitaneado por ninguém menos que o icônico Christopher Lee - aliás, ele está extraordinário neste filme (além de gato) e consegue transmitir toda a angústia de um pai que teme o que poderá acontecer com sua filha caso suas suspeitas se confirmem; no papel de Laura, uma ótima Adriana Ambesi - a personagem é uma jovem transtornada, que se sente responsável pelas desgraças que acontecem ao seu redor e bem próxima de um colapso; como o pesquisador Klauss, um José Campos um pouco insosso, principalmente se comparado aos colegas de elenco; como Ljuba, a amiga de Laura, outra ótima intérprete, Ursula Davis; e como a governanta Rowena, a atriz Nela Conjiu, responsável por algumas das cenas mais tensas e impressionantes da história (como na cena do "candelabro" de mão). O desenvolvimento da história é muito bem engendrado e, lá pelas tantas, dá direito até a um plot twist. Eu gostei demais do filme e, não fosse o total ponto fora da curva da obra "O Demônio" (1963), imbatível na sua colocação, diria que "O Túmulo do Horror" é o melhor filme do box. Para quem gosta do gênero terror, em especial de terror gótico, o filme é um prato cheíssimo. Vejam, que é muuuuuito bom!

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