Filme do dia (229/2021) - "O Vale Proibido", de Jim O'Connolly, 1969 - Região do Novo México, século XIX. Um grupo de cowboys descobre um desconhecido vale em meio ao deserto onde criaturas ancestrais sobreviveram ao tempo e resolvem capturar uma delas para exibi-las em um show de rodeio itinerante.
Acho que poucos filmes que eu já tenha visto fizeram uma mistura tão criativa e bizarra quanto este. Numa combinação única dos gêneros faroeste, fantasia, aventura e ficção científica, a obra é um entretenimento certo para os saudosistas dos antigos efeitos especiais em stop-motion, presentes em filmes como "A Sétima Viagem de Simbad" (1958) e "Fúria de Titãs" (1981). Reza a lenda que o filme foi inspirado na história de King Kong e certamente guarda semelhanças com aquela, mas confesso que a introdução dos cowboys na trama foi bastante criativa. Como em King Kong, a obra possibilita uma reflexão acerca dos excessos capitalistas e do poder destruidor do homem que, tendo em mãos uma grande descoberta científica, prefere transformá-la em lucro ao invés de estudá-la e compreendê-la. Evidente que, no caso, tal reflexão é optativa - quem quiser apenas aproveitar o filme como entretenimento consegue fazê-lo sem qualquer dificuldade. Como já mencionado, o forte do filme são os efeitos especiais em stop-motion, realizados pelo lendário animador Ray Harryhausen - ainda que hoje em dia essa técnica em filmes live action seja absolutamente ultrapassada, eu afirmo que, no passado, entre as décadas de 50 e meados de 80, era a técnica mais avançada de animação para este caso e fazia a alegria das crianças que, como eu, se encantavam com os efeitos especiais de monstros e demais criaturas inexistentes. Tendo como carro-chefe os efeitos especiais, os demais quesitos técnicos ficaram completamente em segundo plano, não merecendo qualquer destaque. No elenco, só nomes pouco conhecidos como James Franciscus como Tuck Kirby, Gila Golan como T.J., Laurence Naismith como professor Bromley, Gustavo Rojo como Carlos, Freda jackson como Tia Zorina e Richard Carlson como Champ - ninguém faz feio, mas também nenhum tem uma interpretação digna de nota. Enfim, é uma obra divertidinha, com cheiro de sessão da tarde, que vai agradar mais quem viveu a época áurea dos filmes live action com stop-motion do que as gerações posteriores, acostumadas a efeitos especiais altamente tecnológicos (e infinitamente mais convincentes). Valeu pela bizarrice.
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