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hikafigueiredo

“Obsessão Assassina”, de Riccardo Freda, 1981

Filme do dia (104/2023) – “Obsessão Assassina”, de Riccardo Freda, 1981 – Michael (Stefano Patrizi) é um ator de filmes de terror traumatizado pela morte precoce e violenta de seu pai. Após anos afastado, ele decide visitar sua mãe Glenda (Anita Strindberg), levando consigo alguns colegas de trabalho. Em pouco tempo, ele descobre que sua decisão pode ter sido um terrível erro.





Misturando o subgênero giallo com o terror gótico, o filme me foi uma grata surpresa, apesar de não ser muito fã de filmes com múltiplos assassinatos. A história acompanha o retorno à casa materna do personagem Michael, que, na oportunidade, leva consigo um grupo de colegas de trabalho. O protagonista sofre por um trauma de infância relacionado à morte de seu pai, motivo pelo qual se afastou de sua mãe. Com seu retorno, ele passa a vasculhar suas lembranças, ao mesmo tempo em que uma nova tragédia recai sobre ele e seus convidados. A influência do giallo, na obra, é fortíssima, pois, como de praxe neste subgênero, o espectador é instigado a descobrir a identidade do assassino em série, o que já cria suspense e tensão naturais. O roteiro cria falsas pistas e o público é levado a desconfiar de praticamente todos os personagens, o que eu, particularmente, achei divertido. Aliado a isso temos um “climão” de terror gótico, fortemente apoiado na fotografia escura, muitíssimo recortada e contrastada, caracterizada por posicionamentos de câmera diferentes e sofisticados – é perceptível o extremo cuidado do diretor na construção dessa atmosfera lúgubre, o que, para mim, funcionou muito bem. Temos, na narrativa, ainda, um sopro de temática sobrenatural, que funciona como um temperinho extra. O ritmo é bem lento no início, mas ganha alguma agilidade ao longo da história. Algo que me incomoda (sempre) nos filmes de terror italianos é o excesso de corpos femininos nus desnecessários – existem contextos que justificam a nudez, mas, por qualquer motivo, nos filmes de terror italianos, a nudez (estritamente feminina, que fique claro) é obrigatória, mesmo que sem qualquer contexto que a justifique. Há, pois, uma clara objetificação do corpo da mulher, o que, claro, não pode ser visto como uma qualidade positiva. Mas, tirando essa questão, não vi outros deméritos no desenvolvimento da narrativa, que foi hábil em me manter atenta aos vai e vens dos personagens – confesso que isso foi surpreendente, porque, normalmente, tenho certa má vontade com filmes de assassinatos em série. Achei interessante que o filme sugere bem mais do que mostra, aproximando-se do terror psicológico e afastando-se do gore e dos filmes jumspcare. O elenco não chegou a prejudicar o filme, mas poderia ser bem melhor – temos mais gente bela que talentosa no grupo de intérpretes. Stefano Patrizi tem a expressividade de um poste de rua, apesar de sua inegável beleza por trás de um bigodinho breguéssimo. Anita Strindberg já se sai um pouco melhor, mostrando mais expressividade e alguma mínima nuance. O restante do elenco feminino – Martine Brochard, Silvia Dionisio e Laura Gemser – indubitavelmente foi escolhido pela estética pessoal das atrizes. O grupo é completado por Henri Garcin e John Richardson. Talvez por não ter qualquer expectativa, o filme não decepcionou e acabou me agradando bastante. Pode ser uma boa pedida para quem não gosta muito dos slashers convencionais.

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