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"Oharu: A Vida de uma Cortesã", de Kenji Mizoguchi, 1952

  • hikafigueiredo
  • 29 de out. de 2019
  • 2 min de leitura

Filme do dia (121/2019) - "Oharu: A Vida de uma Cortesã", de Kenji Mizoguchi, 1952. Japão, século XVII. Oharu (Kinuyo Tanaka) é uma nobre jovem da corte japonesa que cai em desgraça após se envolver amorosamente com Katsunosuke (Toshiro Mifune), um homem do povo, considerado indigno para a nobreza. Quando o relacionamento é descoberto, Oharu e seus pais são expulsos da corte e começa uma longa trajetória de infortúnios para a jovem.





Esqueça "The Handmaid's Tale". Quer assistir a uma obra que exponha a condição feminina na sociedade, a submissão da mulher pelo patriarcado e as diferenças de gênero, assista a esse filme aqui. Uma das obras mais tristes que me lembro de ter visto, o filme acompanha a decida ao inferno da personagem Oharu após cometer o pecado de se apaixonar por um homem proibido. Daí em diante, Oharu é humilhada, submetida, castigada pela sociedade como um todo e pelos homens em particular, sem jamais ter voz ou qualquer gerência sobre sua vida. O que mais me deixou indignada é que Oharu sofre as consequências das decisões que terceiros tomaram sobre a sua vida - assim, a personagem é responsabilizada por acatar as ordens de seu pai, por aceitar mansamente as decisões do nobre a qual está vinculada, por obedecer as orientações do conselho de nobres a qual se reporta, por, simplesmente, fazer aquilo que lhe indicam como obrigação a ser cumprida. É uma filme angustiante e extremamente opressivo - mas, provavelmente, as mulheres sentirão isso muito mais que o espectador do sexo masculino. Destaque para a cena em que Oharu é apresentada para a esposa do nobre de quem se torna concubina (acredito que seja o mais profundo olhar de ódio já interpretado por uma atriz na história do cinema - isso sem haver qualquer modificação facial na personagem da esposa, só mesmo o olhar, o terrível olhar). O ritmo é bem "oriental", lento, mas não há tempos mortos, pelo contrário, tudo é extremamente necessário. A fotografia P&B é suave, pouco marcada, sem grandes contrastes. Kinuyo Tanaka interpreta uma Oharu romântica, submissa, doce e obediente, e se saí extremamente bem no papel, tanto nas cenas mais "emotivas" quanto nas cenas em que Oharu, já descrente, mostra-se quase desprovida de emoções. Outro destaque é a atriz Hisako Yamane que faz Lady Matsudaira, a esposa do nobre que faz de Oharu sua concubina - fica pouquíssimo em cena, mas, que presença!!!! Olha... o filme é incrível, mas de difícil digestão. Recomendadíssimo.

 
 
 

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