Filme do dia (241/2021) - "Oito Sobrenomes Bascos", de Emilio Martínez-Lázaro, 2014 - Rafa (Dani Rovira) é um rapaz andaluz que conhece a jovem Amaia (Clara Lago), uma turista basca, e logo se apaixona pela moça. Quando ela retorna para o País Basco, Rafa sai ao seu encalço.
Esta obra do gênero comédia romântica, que se tornou uma das maiores bilheterias da Espanha, discorre sobre as diferenças e disputas entre espanhóis e bascos, usando o humor como elemento para suavizar a tensa relação entre os dois povos. Para quem não lembra das aulas no colégio, o País Basco situa-se em espaços da Espanha e França, conta com cultura, etnia e língua próprios, mas não possui um território autônomo e independente. Marcado por um fortíssimo nacionalismo, o País Basco luta, há anos, por sua independência da Espanha, utilizando, inclusive, práticas bastante radicais para alcançar seu intento (vide o grupo separatista ETA, há alguns anos nas sombras). Assim, o filme brinca com as particularidades dos bascos e espanhóis e, principalmente, com as diferenças e os preconceitos que existem entre os dois povos, o que é, a um só tempo, uma virtude e um problema da obra, pois, se de um lado angariou público certo na Espanha, acabou por trazer certo hermetismo para o público estrangeiro, que não está familiarizado com a altercação entre as partes. Em outras palavras, o espectador que não vivencia a tal disputa, percebe que não está captando, com profundidade, boa parte das piadas que o filme traz - piadas estas com sotaques, hábitos, famas, etc, de bascos e espanhóis. Apesar disso, o filme consegue segurar a atenção do público naquilo que ele consegue perceber e absorver e não são poucas as situações em que mesmo o espectador estrangeiro vai rir das brincadeiras com as características opostas das partes envolvidas. A Narrativa é linear, em ritmo bem marcado e crescente. A atmosfera é, predominantemente leve, com algumas cenas mais tensas, pois Rafa acaba se metendo em uma grande confusão ao se passar por basco em pleno "território inimigo". Tecnicamente, é um filme padrão, sem grandes inovações ou ousadias em termos de fotografia, direção de arte, montagem ou edição de som. A questão dos sotaques e uso de expressões idiomáticas acaba passando batido pelo público brasileiro - exceto, talvez, se você tiver um conhecimento aprofundado das línguas envolvidas. Eu diria que o elenco é o responsável pelo sucesso da obra: Clara Lago está muito bem como Amaia, assim como Carmen Machi como Mercedes/Anne e Karra Elejalde como Koldo, pai de Amaia; mas é Dani Rovira quem rouba a cena como o personagem Rafa - seu empenho em se passar por basco e suas caras de verdadeiro desespero em cada situação que se envolve são impagáveis!!! É, enfim, um filme divertido, ainda que eu saiba que não o aproveitei na sua totalidade, pelo motivo já comentado. Dá para assistir? Claro que dá! Quem gosta de comédia romântica pode ir na fé que não vai se desapontar.
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