Filme do dia (44/2019) - "Poderia Me Perdoar?", de Marielle Heller, 2018 - EUA, 1991. Lee Israel (Melissa McCarthy) é uma biógrafa de celebridades em descrédito no mercado editorial. Passando por dificuldades financeiras, Lee encontra um meio de ganhar dinheiro falsificando cartas de pessoas famosas. Com ajuda do amigo Jack (Richard E. Grant), ela passa a vender os documentos falsificados em livrarias do país.
A obra, baseada em fatos reais, relata como a falsificadora Lee Israel foi responsável pela falsificação de mais de 400 documentos nos anos 90. O filme tenta, ainda, mostrar um pouco da intimidade da escritora - avessa a contatos sociais, com extrema dificuldade no relacionamento interpessoal e usando da falta de tato, grosseria e alcoolismo como defesa, Lee era, acima de tudo, uma pessoa com baixa auto estima e profundamente solitária. Tendo como única fonte de afeto sua gata de estimação, Lee parece encontrar alguma empatia junto a Jack, outra "persona non grata" da sociedade, com quem Lee finalmente se sente à vontade (até porque Jack era quase um espelho, tão desagradável e sarcástico quanto a escritora). Engraçado que, apesar de ambos os personagens serem extremamente rudes, antipáticos e politicamente incorretos, é impossível não desenvolver grande simpatia por eles, pois evidenciam suas fragilidades e humanidade. Lee e Jack são tão solitários e vulneráveis que, desde o começo, torci por eles, mesmo quando passam a agir contra a lei. Também é curioso como desenvolvi forte antipatia pelas "vítimas" - os proprietários das livrarias que, mesmo desconfiando da origem das cartas vendidas por Lee, adquiriam os documentos com vistas ao lucro obtido com a revenda dos escritos; em suma, só gente honesta (contém ironia). A obra pode ser considerada uma comédia dramática, pois, apesar de ter passagens cômicas, traz consigo uma carga de drama bem pesada, principalmente se nos colocarmos na pele dos dois protagonistas. Mas, o filme não seria tão bom não fosse as ótimas interpretações de Melissa McCarthy e, principalmente, Richard E. Grant - ele está fabuloso como o arrogante e sedutor Jack, com seus olhos muito azuis e sorriso de propaganda de pasta de dente. Gostei do filme, ele me prendeu, mas a grande força dele está mesmo na adaptação do roteiro (o roteiro foi adaptado do livro que Lee Israel escreveu sobre suas próprias desventuras como falsificadora) e nas atuações de McCarthy e Grant. Até dividiu minha torcida pelo Oscar de Ator Coadjuvante (não sei quem amo mais, Mahershala Ali ou Richard E. Grant!!!!). Vale a pena ver.
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