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  • hikafigueiredo

"Próxima Parada: Bairro Boêmio", de Paul Mazursky, 1976

Filme do dia (282/2021) - "Próxima Parada: Bairro Boêmio", de Paul Mazursky, 1976 - Nova York, 1953. Larry Lapinsky (Lenny Baker) é um jovem judeu, aspirante a ator, que sai da casa dos pais, no Brooklyn, para morar em Greenwich Village, o bairro boêmio da cidade. Lá, entre suas aulas de teatro, seu emprego em uma lanchonete e suas audições, ele convive com sua namorada Sarah (Ellen Greene) e um grupo de amigos "outsiders".





Escrito e dirigido por Paul Mazursky, o filme tem ecos autobiográficos e retrata, com um humor ligeiramente amargo, tanto o ambiente artístico underground nova iorquino da época, quanto o peso das origens judias do protagonista. Se, por um lado, Larry vive a efervescência do ambiente artístico, a liberdade sexual dos jovens e um relaxamento nos costumes, de outro vive a culpa encruada em sua alma, devidamente colocada por sua possessiva e tradicionalista mãe. Aliás, a relação quase umbilical entre Larry e sua mãe é bastante tragicômica, pois ela é a imagem da "ídiche mama" com todos os clichês e cacoetes do tipo. A narrativa é linear, eventualmente entrecortada pela imaginação de Larry, que cria imagens e situações fantasiosas apenas para se martirizar. O ritmo é marcado e constante, sem um grande clímax. A atmosfera é de empolgação, ânimo e expectativa - Larry, em momento algum, deixa de acreditar que as coisas vão dar certo, mais cedo ou mais tarde. O roteiro é bem "redondinho" e seu desenvolvimento é natural e bem concatenado. Formalmente é uma obra convencional, sem grandes invencionices ou ousadias. A trilha sonora me chamou a atenção - coisa rara - trazendo muito jazz à obra. O elenco tem Lenny Baker como protagonista, ator que eu não conhecia e que trouxe muita naturalidade ao personagem; Ellen Greene interpreta a namorada Sarah; Christopher Walken interpreta o amigo Robert (ele já era fantástico desde então), Antonio Fargas faz Bernstein, Dori Brenner, a personagem Connie. Mas quem sobressai ali, quem realmente "ganha" o filme é a veterana Shelley Winters como a mãe do protagonista - a atriz dá um show de atuação, dá alma à típica mãe judia, sofredora, exagerada, manipuladora, dramática e, claro, muito possessiva. A personagem é complexa, dada a arroubos e cenas - e Shelley faz isso magnificamente. Por sua atuação, Shelley foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro e no BAFTA. Destaque para todas as cenas em que Shelley Winters aparece - ela realmente rouba a cena. O filme me prendeu do começo ao fim, eu gostei bastante e recomendo!

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