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"Praia do Futuro", de Karim Ainouz, 2014

hikafigueiredo

Filme do dia (222/2016) - "Praia do Futuro", de Karim Ainouz, 2014 - Donato (Wagner Moura) é salva-vidas na Praia do Futuro, em Fortaleza. Sua profissão faz com que seja um herói aos olhos do irmão Ayrton (Jesuita Barbosa). Uma fatalidade aproxima Donato de Konrad (Clemens Schink), um praticante de motocross alemão. Surge daí uma forte atração e Donato acaba acompanhando Konrad de volta à Alemanha, onde opta por permanecer. Anos mais tarde, no entanto, o passado vem bater à sua porta.





Com ótimas intenções e um argumento de qualidade, o filme, para mim, prometeu mais do que entregou. Em última instância, a obra discorre sobre a liberdade, desde uma forma simulada - quando o indivíduo mascara questões internas, mas busca maneiras compensatórias para sentir-se livre - até sua forma plena - quando o indivíduo usufrui, de fato, de sua liberdade. Como tema subjacente, temos a responsabilidade das pessoas quanto às demais e como lidam com seus afetos, frustrações e cobranças. Apesar da temática para lá de interessante e do argumento forte, senti falta de um peso emocional maior - o filme não conseguiu me tocar, não me arrebatou, eu não "senti" a obra do ponto de vista emocional, eu o compreendi racionalmente e, na minha opinião, era um filme para ser sentido mais do que racionalizado. Também achei o ritmo arrastado - muito provavelmente por conta desta ausência de emoção já mencionada. Várias foram as cenas (de sexo e de "balada") que pouco ou nada acrescentaram à história - algumas, inclusive, longas demais e completamente desnecessárias. Também acho que os três blocos que compõem a obra pouco dialogam entre si, fazendo com que o filme não flua naturalmente e "quebre" o ritmo da história. Mas, claro, sempre há méritos. O terceiro terço da história mostrou-se o mais interessante, com cenas em locações sedutoras (como a praia sem mar na Alemanha) e, principalmente, pela excelente interpretação de Jesuíta Barbosa como Ayrton - seu olhar intenso, cheio de mágoas e dúvidas, sedento de respostas, é impressionante e arrebatador. Aliás, no que se refere às atuações, o jovem ator suplanta, e muito, a interpretação de Wagner Moura (e olha que sou fá descarada do ator) - faltou muita química entre Wagner e Clemens Schick, que, como casal, não convence ninguém. No fim das contas, achei o filme fraco e, perto de outras obras nacionais, fica muito a desejar. Também acho que o diretor já se saiu melhor em "Madame Satã" (preciso assistir ainda "O Céu de Suely", que há anos repousa na prateleira). Somente para amantes ferrenhos de cinema nacional (e mesmo assim, para assistir depois de muitas outras obras).

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