Filme do dia (90/2022) - "Respect - A História de Aretha Franklin", de Liesl Tommy, 2021 - EUA, década de 50. A pequena Aretha mostra, desde a mais tenra infância, seu extraordinário talento musical. Cantando no coro da igreja batista onde seu pai é pastor, ela convive com lendas da música como Ella Fitzgerald e Sam Cooke. Com o apoio paterno, ela logo consegue um contrato com uma gravadora de Nova York, mas ela terá de passar por muitas pedras no caminho antes de alcançar o sucesso.
O filme acompanha a vida de Aretha desde a infância, quando era incentivada pelo pai e pela mãe, cantora gospel, a desenvolver seu talento musical. Apesar do formato bastante convencional - a obra começa acompanhando os passos tímidos da cantora, a demora em alcançar seu primeiro "hit", a descoberta de seu próprio "som" e, finalmente, seu estouro como a rainha do soul -, o filme mostra toda a força de Aretha Franklin para ultrapassar terríveis traumas de infância, um relacionamento abusivo e seu envolvimento com o álcool. Achei incrível a forma como a obra mostrou o decisivo empoderamento da cantora, que passou de uma jovem dominada pelo pai e, posteriormente, abusada pelo marido, a uma verdadeira força da natureza, colocando-se, como uma leoa, frente às adversidades. Também gostei demais de ver seu engajamento político pelos direitos civis do povo negro, muito por conta de sua proximidade e amizade com Martin Luther King. A narrativa é quase completamente linear, com alguns poucos flashbacks da infância de Aretha, num ritmo lento, mas bem cadenciado. Evidente que, por sua própria natureza, a trilha musical do filme é seu maior destaque, trilha essa repleta dos principais "hits" de Aretha como "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman", "Chain of Fools" e, claro, a canção que dá título à obra, "Respect". Interessante perceber que a grande parte das letras das músicas da cantora tinham íntima relação com sua vida e suas experiências. Ótima direção de arte de época, com destaque para os figurinos e cabelos. O elenco é capitaneado por uma incrível Jennifer Hudson, que dá vida à cantora Aretha Franklin e solta seu vozeirão impecável ao longo de quase duas horas e meia de filme - wow, a mulher canta muito, ótima escolha para interpretar a rainha do soul; no papel do pai de Aretha, Forrest Whitaker, sempre muito bom (adoro o ator!); Marlon Wayans interpreta o violento Ted, Audra McDonald, a mãe de Aretha, Hailey Kilgore e Saycon Sengbloh, as irmãs de Aretha, Carolyn e Erma, respectivamente. Detalhe: fazendo valer a representatividade dos negros na obra, o elenco é quase exclusivamente de atores e atrizes negros. Ainda que um pouco longo e, como disse antes, bastante convencional, é uma cinebiografia bem bacana. Eu curti bastante e recomendo.
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