"São Paulo em Hi-Fi" de Lufe Steffen, 2013

Filme do dia (298/2020) - "São Paulo em Hi-Fi" de Lufe Steffen, 2013 - A história da noite gay, desde seus primórdios, no início da década de 60, até o fim da década de 80, quando da disseminação da AIDS entre o público homossexual.

O documentário retrata a cena gay de São Paulo a partir das primeiras boates voltadas para este público, ainda na década de 1960. Através de depoimentos de pessoas que viveram naquela época, tomamos contato com casas como a Hi-Fi, a Medieval, a Homo Sapiens, a Nostro Mondo e a Corintho, dentre outras menos famosas, e conhecemos um pouco da história das casas noturnas gays e de seu público alvo que ia de homens e mulheres homossexuais, travestis, drag queens (na época chamadas de transformistas) e até mesmo uma parte de héteros "simpatizantes". Conhecemos, ainda, a história de publicações voltadas para o público gay, como a coluna jornalística "Coluna do Meio", assinada por Celso Curi, que, mais tarde, lançaria o tabloide "Lampião", com alcance nacional, para a mesma fatia de mercado. Ficamos sabendo de como a cena gay tomou vulto na década de 70, explodindo com inúmeras boates específicas na década de 80 e o "choque" decorrente da disseminação da AIDS entre os homossexuais , fazendo com que muitos "voltassem para o armário" no final desta década e início da de 90. Vamos rir e nos emocionar com as histórias contatas por quem estava lá e a tudo presenciou. O documentário é delicioso para quem, como eu, curte o ambiente LGBTTQI+. O formato da obra é bastante convencional - depoimentos acompanhados de fotografias e filmagens da época -, mas o que falta em inovação no formato, sobra em ousadia em discutir o tema e em emoção, pois não serão um ou dois a se emocionar contando sua história. Eu sei que fiquei vidrada no documentário desde o início e nem senti suas quase duas horas de duração. Gostei demais - okay, mais pelo assunto do que pelo significado cinematográfico - e recomendo com carinho.