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"Silêncio", de Martin Scorsese, 2016

  • hikafigueiredo
  • 29 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

Filme do dia (31/2018) - "Silêncio", de Martin Scorsese, 2016 - Portugal, 1640. Os padres Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver) viajam ao Japão, local onde os cristãos estão sendo perseguidos e mortos, na tentativa de encontrar seu antigo mentor, Padre Ferreira (Liam Neeson), que, segundo uma carta, havia renegado a religião católica. O que eles não imaginavam é que encontrariam tanto sofrimento na sua missão.





Este é um filme cuja recepção depende muito do espectador. Uma pessoa religiosa, devota, provavelmente vai ver os personagens como mártires ou traidores (dependendo do personagem). Eu, que não sigo nenhuma igreja e que tenho verdadeira aversão às religiões instituídas (não obstante tenha lá minhas crenças), e que, portanto, não vejo qualquer glória ou sentido em sofrer e morrer por uma causa religiosa, não consigo não considerar os três personagens como três pobres diabos fanáticos. Meu sentimento por filmes com essa temática - perseguição religiosa - com uma certa frequência beira a irritação, mais do que a indignação. Isso porquê as vítimas de perseguição muitas vezes eram igualmente algozes em outras partes do mundo ou épocas. O filme mostra a barbárie cometida contra os cristãos no Japão - mas vem cá, como os cristãos - principalmente os católicos - agiam com os "infiéis" nas terras onde dominavam ???? Então vamos combinar que não existe virgem em bordel e todas as grandes religiões são intrinsecamente intolerantes com as demais crenças e, sempre que possível, seus seguidores agiram de forma violenta e selvagem com aqueles que não compartilhavam de sua fé. Isto posto, a obra foca nessa questão da fé e da intolerância. Quanto à fé, achei curioso que, enquanto os fiéis eram torturados e morriam sem titubear pela sua religião, o Padre Rodrigues vivia uma profunda crise de fé (de onde veio o nome do filme "Silêncio", já que o padre clamava por um sinal de seu deus, que nunca vinha). Quanto à intolerância, impossível não se ater à ironia de ver, em uma época em que ainda havia a Santa Inquisição, os padres católicos chocados com o tratamento dispensado ao seu rebanho (nos olhos dos outros é refresco, né????). Ah, sei lá, essa é uma temática que me incomoda pela arrogância e hipocrisia dos detentores do poder religioso, tenho vontade de mandar todos para um certo local. A narrativa é toda feita para chocar - mil torturas, das mais bárbaras - só que, na minha opinião, errou um pouco na mão pelo excesso - lá pela quinta cena de tortura, eu já estava achando tudo um saco. Esse é o maior defeito da obra - ela é insistente demais, prolixa, podia ter uma meia hora de tortura e martírio a menos que não ia fazer falta. Na parte técnica, é um filme muito bem feito, com ótimas fotografia e direção de arte. Das interpretações, o destaque ficou por conta de Andrew Garfield que assumiu o personagem mais difícil por conta de sua crise de fé (eu gosto bastante do ator). Adam Driver e Liam Neeson aparecem menos e gostei bem mais da participação do primeiro (achei Liam Neeson muito "marromenos" nesse filme). No final das contas, achei o filme meio arrastado (nem parecia um Martin Scorsese) e não consegui me envolver por ele (talvez por não me identificar com nada ali).

 
 
 

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