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  • hikafigueiredo

"Sinônimos", de Nadav Lapid, 2019

Filme do dia (236/2020) - "Sinônimos", de Nadav Lapid, 2019 - Yoav (Tom Mercier), um jovem israelense desgostoso com seu país, foge para Paris em busca de uma nova realidade, oportunidade em que conhece o casal formado por Emile (Quentin Dolmaire) e Caroline (Louise Chevillotte).




Ganhadora do Urso de Ouro em Berlim em 2019, a obra discorre, em linhas gerais, sobre identidade e pertencimento. Yoav discorda dos rumos políticos de Israel - ele tem um olhar crítico para o seu país e vê, nele, ecos de condutas sofridas por seus antepassados, só que, agora, voltadas para os palestinos. Quase que envergonhado, Yoav busca o exílio em Paris e anseia pelo acolhimento daquele país, o que vem na forma do casal Emile e Caroline. No entanto, não basta estar em outro lugar se você não pertence àquele lugar. Por mais que Yoav renegue, suas raízes, sua identidade, remetem-no diretamente ao país abandonado. Assim, Yoav vê-se perdido entre seu país identitário renegado e o novo país acolhedor, porém que lhe é estranho. E nessa busca por um novo e diferente "eu", Yoav depara-se com o inevitável - ele é israelense. Isso fica especialmente claro na cena final - que, evidentemente, eu não vou revelar. Toda a discussão que envolve a obra é extremamente rica e dá material para mais de mês de conversa, o que não quer dizer que seja um filme muito agradável de ver, muito por conta do protagonista, acerca de quem tive muita dificuldade em estabelecer empatia (mas isso é algo pessoal, pode não acontecer com outros espectadores). Yoav é contraditório, pode ser envolvente ou agressivo, dependendo de seu momento e do quão consciente está de sua real identidade. Achei o personagem bem desenvolvido, ainda que não simpatize com ele. A narrativa flui de uma maneira um pouco truncada, em parte por ser não-linear: Yoav, com frequência, narra histórias do seu passado, ocasião em que a narrativa "salta" para aquilo que Yoav está contando. Destaque para a trilha sonora bastante diversificada, que tem de tudo um pouco. Achei Tom Mercier extremamente convincente no papel de Yoav, ele traz revolta, dúvidas, medos, tudo para o personagem. Adorei Quentin Dolmaire no papel de Emile, um personagem dúbio, que desenvolve um relação ambígua com Yoav, com evidente tensão sexual entre eles. Também gostei do trabalho de Louise Chevillotte que, como Caroline, sente-se atraída por Yoav, completando o triângulo amoroso. O filme é muito bom, mas tenho de confessar que eu o achei meio chatinho, não me arrebatou, ainda que admita suas qualidades. Não é filme para qualquer público, mas, ainda assim, recomendo.

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