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hikafigueiredo

“Sortilégio do Amor”, de Richard Quine, 1958

Filme do dia (100/2024) – “Sortilégio do Amor”, de Richard Quine, 1958 – Em Greenwich Village, Nova York, Gillian Holroyd (Kim Novak) é a proprietária de uma loja chique de objetos de arte. O que ninguém sabe é que, na verdade, Gil é uma bruxa. Quando ela conhece seu novo vizinho Sheperd Henderson (James Stewart), ela rapidamente se interessa por ele, mesmo que, como bruxa, não possa se apaixonar. Ao saber que ele está noivo de um antigo desafeto, Gil lançará um potente feitiço nele, fazendo com que ele caia de amores por ela.





Nessa obra temos novamente a dupla que, no mesmo ano, realizou um dos mais importantes filmes de todos os tempos, o irretocável “Um Corpo Que Cai” – James Stewart e Kim Novak. Mas, se em “Um Corpo Que Cai” temos um angustiante suspense, aqui encontramos uma leve, gostosa e divertida comédia romântica que brinca com o sobrenatural. A antropóloga e proprietária de uma loja de artigos de arte Gilian Holroyd é uma bruxa que performa uma mulher humana comum. Cuidadosa, ela não expõe com facilidade seus poderes. Quando ela conhece seu vizinho Sheperd, ela se sente atraída por ele e, ao descobrir que ele é noivo de uma antiga colega de faculdade por quem nutria forte antipatia, Gil decide “se vingar”, lançando um encantamento que faz com que Sheperd se apaixone por ela. Ocorre que Gil não se apaixona como os humanos e, se isso acontecesse, segundo uma lenda, ela perderia seus poderes. Como boa comédia romântica, o filme não traria grandes discussões sobre qualquer assunto, mas é inevitável perceber certa atribuição de conduta de gênero – segundo o filme, as mulheres “humanas” seriam mais sensíveis, mais suscetíveis, mais emocionalmente dependentes e desejosas de serem cuidadas por homens, diferentemente das bruxas. Não é difícil, assim, perceber que uma mulher independente, autossuficiente e que não tivesse qualquer dependência emocional de um homem seria qualificada como “bruxa” – muito sintomático, essa questão, da nossa sociedade patriarcal e machista, não? O único diferencial da Idade Média é que não nos queimam mais em praça pública... Deixando de lado a questão polêmica acerca dos papeis dos homens e mulheres na sociedade, o filme é bem divertido, até porque o ambiente frequentado pelas bruxas era muitíssimo mais interessante do que aqueles frequentados pelos humanos. A narrativa é linear, em ritmo moderado para intenso. A atmosfera é leve, agradável e tem certa sensualidade implícita por conta da personagem Gil. O roteiro aposta numa narrativa enxuta, sem grandes complexidades ou reviravoltas. É uma obra “vistosa”, com muito esmero estético, seja pela fotografia colorida bem saturada e brilhante, seja pelo desenho de produção sofisticado, tanto que o filme foi indicado ao Oscar (1959) de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte. A trilha musical aposta em um jazz solto, não muito rebuscado e bastante agradável. Mas, definitivamente, a maior força do filme está nas interpretações, não apenas dos protagonistas, mas, também do elenco secundário. Kim Novak está linda e sensualíssima como a atraente Gillian – eu amei que a personagem é independente, decidida e muito misteriosa, e a atriz entregou um trabalho divino! Falar de James Stewart sem bajular o ator é difícil, pois sou admitidamente fã dele. Adorei sua interpretação do personagem Sheperd, no qual aproveitou muito bem seu talento para a comédia (James Stewart tinha um jeitão meio desengonçado que sempre me encantou! Rs). No papel de Nicky, irmão de Gillian, ninguém menos de Jack Lemmon, outro que nasceu com tino para a comédia!!! Só perfeito. Gostei demais, também, do trabalho de Elsa Lanchester como Tia Queenie!!! No elenco, ainda, Ernie Kovacs, Janice Rule e Herminone Gingold, todos ótimos em seus personagens. O filme é gostosinho e muito simpático, vale a pena. Eu gostei e recomendo. Pelo o que eu pesquisei, não está disponível em streaming, mas já esteve (e pode voltar), no Amazon Prime.

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