Filme do dia (88/2019) - "Suicide Room", de Jan Komasa, 2011 - Polônia. Dominik (Jakub Gierszal) é um jovem de classe média que, com pais ausentes e sofrendo bullying na escola, refugia-se na internet, onde encontra outros jovens com problemas parecidos, incluindo Sylvia (Roma Gasiorowska), uma garota com ideias suicidas.
*Uuuf!* Que filme desgastante. Muito bom... mas extremamente desgastante. A obra retrata, com fidelidade, a situação de inúmeros jovens com problemas de relacionamento. Explicando: os pais de Dominik são os típicos "gente de bem" - hipócritas, egoístas, preocupados mais com sua imagem perante a sociedade do que com o que acontece realmente dentro de suas vidas. Ricos, abusam de seu poder econômico humilhando empregados e "comprando" tudo e todos. Diante desse quadro, temos Dominik. Os pais ausentes e autocentrados "compensavam" sua desatenção com o filho mimando-o e provendo todos os desejos materiais do garoto. À primeira vista, Dominik parece ser apenas mais um filhinho de papai mimado e babaca. Mas, internamente, Dominik revela-se um rapaz sensível, tímido e assustado com o mundo. Popular na escola, Dominik vê essa popularidade despencar e virar bullying e ataques homofóbicos ao ter sua orientação sexual exposta. Acuado, Dominik isola-se na internet - a mesma internet que expõe, em rede sociais, sua homossexualidade. É neste momento que Dominik encontra um grupo de jovens com os mesmos problemas que ele - o "Suicide Room" do título - e conhece Sylvia, embarcando em uma longa e perigosa "viagem" com ela. Os temas tratados vão de bulliyng, homofobia, rejeição, depressão, ética médica, descaso parental, internet, etc, até, evidentemente, suicídio. Se, inicialmente, o espectador desenvolve uma aversão quase imediata a Dominik (afinal, ele é muito babaca), com o decorrer da narrativa, essa repulsa vai desaparecendo até virar uma profunda simpatia misturada com compaixão - a vontade que dá é de pegar Dominik e acolhê-lo, abraçá-lo, cuidar dele. O filme mistura live action com animação, tem uma atmosfera sombria e claustrofóbica que se torna, gradualmente, mais e mais pesada, e uma fotografia soturna, escura e opressiva. A caracterização de Dominik é uma mistura de gótico com "emo" e seu semblante, sempre tão sofrido, traz uma boa dose de angústia ao espectador. Jakub Gierszal consegue trazer um peso incrível ao personagem - a gente "sente" a dor e o sofrimento de Dominik, é de partir o coração. Também gostei das atuações de Agata Kulesza e Krzystof Pieczynski como, respectivamente, mãe e pai de Dominik - dois gigantescos filhos-da-puta (os personagens, claro! rs). A cena final é muito, muito, MUITO triste... Olha, o filme é angustiante, super pesado, mas acho que ilustra bem um problema real da sociedade atual. Gostei muito!!!
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