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hikafigueiredo

"Terror no Cemitério", de Massimo Pupillo, 1965

Filme do dia (131/2022) - "Terror no Cemitério", de Massimo Pupillo, 1965 - Na primeira década do século XX, um advogado é chamado, às pressas, para registrar o testamento de um cliente. Quando ele chega ao local - um castelo em um lugar afastado, ermo e com péssima reputação -recebe a informação que tal cliente já morrera há um ano. Antes de conseguir sair da região, o advogado começa a presenciar estranhos acontecimentos.





Esse obscuro e quase desconhecido filme de terror gótico consegue uma proeza: com uma narrativa vaga e confusa, a obra tem o mérito de criar uma sólida e quase inexplicável atmosfera de apreensão e medo. A história começa quando um advogado recebe uma carta escrita a mão e assinada por um cliente idoso que desejava registrar seu testamento. Ocorre que tal cliente já se encontrava morto há um ano e as circunstâncias em que a mencionada carta foi remetida mostra-se nebulosa, muito embora a letra e assinatura comprovassem ser, a correspondência, obra do referido cliente. A partir desse momento, o advogado passa a vivenciar estranhas experiências, todas relacionadas ao falecido e aos seus familiares e amigos. Então.... o problema da história é que as motivações e os próprios acontecimentos não são claros para o espectador, nem ao longo da narrativa, nem ao fim dela. O espectador recebe a informação de que o falecido era um cientista e que ele tinha o estranho poder de invocar os mortos, sendo particularmente "atraído" pelas vítimas de um surto de peste nos idos dos séculos XVI e XVII - e este é o mote que conduz toda a narrativa. Certo é que, ao final da obra, o espectador permanece com um sem fim de dúvidas, começando pelo o que realmente aconteceu com o falecido e quais foram as motivações que o levaram a ter inúmeras ações descabidas e sem qualquer explicação. Curioso é que, mesmo com uma narrativa extremamente vaga, a atmosfera de medo, apreensão e vingança é cirurgicamente construída e responsável por manter o espectador "ligado" o tempo todo. A narrativa é linear, com ritmo inicialmente moderado, mas crescente, tornando-se bastante ágil nas cenas finais. O diretor "brincou" muito com a fotografia P&B - há momentos em que o contraste é suave, aproveitando os meios-tons de cinza, mas, nos momentos mais tensos, as imagens tornam-se mais contrastadas, com claros e escuros mais delimitados. A câmera é bem movimentada, indo além de meros "travellings" - alguns movimentos de câmera são bem longos e complexos, algo não tão comum na década de 60. Outra característica do filme é assumir o ponto de vista dos personagens, em especial daquele responsável pelos momentos mais tensos e angustiantes da história (sem spoiller). A maquiagem do filme é bem feita e responsável por algumas cenas marcantes e cruciais da narrativa. O elenco tem Walter Brandi como o protagonista (o advogado), mas o destaque entre os intérpretes é, sem dúvida, a musa do cinema de terror italiano dos anos 60, Barbara Steele - eu nem a acho uma atriz assim tão excepcional, mas tenho de concordar que seus enormes e expressivos olhos negros lhe dão uma aparência bastante inusual e propícia para estrelar filmes do gênero terror. Aqui, Steele interpreta Cleo Hauff, a viúva do cientista, e traz muita energia para sua personagem. No elenco, ainda, Alfredo Rizzo como o Dr. Nemek, Ennio Balbo como Oskar Steaner, e Mirella Maravid como Corinne, a filha do cientista. Bom... considero a obra irregular, principalmente por não elucidar pontos essenciais da história, mas, o que o filme perde em lógica e informação, ganha no quesito "climão", impecável desde o início da narrativa. Para quem gosta de filme de terror, é interessante; para quem não gosta, não vejo motivos para insistir - apenas passe.

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