Filme do dia (174/2017) - "The Rover - A Caçada", de David Michôd, 2014 - Após o colapso do sistema capitalista, o mundo vira uma terra de ninguém entregue à selvageria. Neste panorama, Eric (Guy Pearce) sai numa violenta caçada para recuperar algo que lhe é precioso. No caminho, conhece Rey (Robert Pattinson), um jovem inocente e intelectualmente limitado, irmão daquele a quem procura, criando, com ele uma relação de cumplicidade.

Bebendo (e muito) da fonte de onde surgiu "Mad Max", a obra retrata um mundo distópico e sem lei, onde inexistem quaisquer valores ou virtudes. O começo do filme é excessivamente "chupinhado" do "Mad Max" original, motivo pelo que desenvolvi certa má vontade para com ele. No entanto, a relação que se estabelece entre Eric e Rey fazem com que a obra se distancie do filme compatriota, enveredando por um caminho mais "sentimental", sem cair na pieguice. A cena final chega a ser bonita, sensível, apesar de meio inverossímil - quanto a ela, gostaria de dizer algumas palavras, mas seria o spoiler máximo e não gosto de estragar a brincadeira dos outros. A narrativa flui bem, sem percalços. O ritmo alterna momentos mais pausados com outros ágeis, quase frenéticos - há tempo para a "porradaria" e tempo para reflexão. A trilha sonora é um pouco irregular, pois tem muita música boa e bem encaixada, mas pelo menos uma música completamente equivocada. Mas o grande destaque aqui é, sem dúvida, as atuações de Guy Pearce e - pasmem - Robert Pattinson. Guy Pearce está ótimo como Eric, um homem desiludido, de olhos vazios e sem reação a quase nada; e Robert Pattinson, possivelmente na melhor atuação de sua carreira, surpreende como Rey, um rapaz com evidente problemas cognitivos, sensível e fiel (juro... fiquei impressionada com a interpretação do moço!!!). O filme é melhor do que parece na primeira meia hora e quem conseguir passar pelo início, que é chatinho e parece ser só mais do mesmo, pode acabar se envolvendo e gostando. Eu curti.
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