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"Time - O Amor Contra a Passagem do Tempo", de Kim-Ki-Duk, 2006

hikafigueiredo

Filme do dia (110/2018) - "Time - O Amor Contra a Passagem do Tempo", de Kim-Ki-Duk, 2006 - Seh-Hee (Park Ji-Yeon) e Ji-Woo (Ha Jung-Woo) formam um casal que, apesar de apaixonado, encontra-se em crise. Após dois anos de relacionamento, Seh-Hee acredita que Ji-Woo já está cansado de sua aparência física. Numa ação desesperada, Seh-Hee abandona Ji-Woo e se submete a uma plástica facial radical no intuito de trazer de volta o interesse de Ji-Woo. Mas seus planos podem se mostrar perigosos.





O diretor coreano Kim-Ki-Duk ganhou notoriedade por seus filmes intimistas, poéticos, lentos e praticamente sem diálogos, como os excepcionais "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera", "Casa Vazia" e "O Arco". No entanto, "Time" vai na contramão destas obras que o antecederam, deixando de lado o silêncio, a lentidão e, em parte, o intimismo. Quanto à temática, vejo a obra centrada em duas questões: a contraposição entre aparência e essência e a superficialidade das relações quando pautadas pela imagem. Critica-se aqui, pois, a supervalorização da aparência que, obviamente, não sustenta qualquer relação, inclusive compromete a própria autoestima de quem descarta a essência em detrimento da imagem. A personagem Seh-Hee não consegue confiar na solidez de sua relação amorosa, uma vez que não alcança a essência de nada - nem a do relacionamento, nem a de Ji-Woo, nem dela própria, limitando-se, a si mesmo, a mera "casca", com resultado imprevisível. Sem spoilers, a obra envereda por um caminho perturbador, que tira todo o "chão" dos personagens. Colocando a poesia de lado, Kim-Ki-Duk fez um quase suspense - e, por que não dizer, um quase terror, pois, ao se colocar no lugar de Seh-Hee, o espectador experimenta um sentimento de vazio, insegurança e pânico.O ritmo é constante, marcado, muito diferente da lentidão dos filmes anteriores. A obra, ainda, se aproxima bem mais da linguagem cinematográfica hollywoodiana do que os filmes anteriores, bastante "orientais". A fotografia e os enquadramentos, por outro lado, permanecem sofisticados, esteticamente belos e escolhidos com milimétrico cuidado. Quanto às interpretações, achei o trabalho de Ha Jung-Woo, bastante superior ao de Park Ji-Yeon, mas nenhum deles chega a ser muito fora do normal. Apesar de ter gostado e da obra ter despertado em mim, em certos momentos, muitos sentimentos fortes (de impotência a quase terror), achei que o filme está aquém das demais obras do diretor que eu vi (os três já citados e "Pietá"). Ainda assim, é bem superior à média do cinema ocidental. Vale a pena, mas os outros valem mais.

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