Filme do dia (139/2018) - "Tommy", de Ken Russell, 1975 - Após sofrer um grave trauma, Tommy (Roger Daltrey) desenvolve cegueira, surdez e mudez psicológicas e ausenta-se da realidade. Inicialmente, sua mãe (Ann-Margret) e seu padrasto (Oliver Reed) fazem de tudo para curar Tommy, mas, aos poucos, desistem de trazê-lo de volta à vida. No entanto, seu talento para jogar fliperama, traz esperança de volta para sua família.
Nessa "opera-rock" criada pela banda inglesa "The Who", temos críticas para quase tudo: guerra, família, religião, consumo de drogas, relacionamento abusivo, culto à personalidade, espetacularização da vida, consumismo, e por aí vai. Tudo bem que as críticas surgem de forma aleatória, quase caótica, mas vamos lembrar que é uma "ópera-rock", não uma tese de doutorado, então perdoa-se fácil a falta de ordem e profundidade das críticas. O filme acompanha a vida do personagem Tommy e a narrativa ocorre linearmente e em tempo cronológico. Não há qualquer diálogo ao longo da obra, toda a história é narrada através das músicas da banda. Visualmente, é um filme completamente psicodélico, com um forte pé no "kitsch" - não consegui decidir se o filme é ótimo apesar da estética setentista ou se parte da graça da obra reside justamente nessa forma extravagante, meio brega e super datada (olha aí de novo os movimentos de câmera rápidos, as aproximações repentinas, coisas que eu não gosto, mas aqui me pareceram super de boa). Direção de arte excepcional. Não tem nem o que falar da trilha sonora do filme, vindo do "The Who" é evidente que é para lá de boa, com destaque para algumas músicas que eu particularmente amo, como "Acid Queen" e "Pinball Wizard". Aliás, as músicas já seriam ótimas por si só, mas as participações especiais que as cantam tornam-nas ainda melhores - gente do calibre de Tina Turner, Elton John e Eric Clapton, gente para ouvir e rezar!!!! Com relação às interpretações, Ann-Margret, fabulosa, toma o filme, nada de braçada, tanto que foi indicada para o Oscar de Melhor Atriz naquele ano pelo papel, e ainda é responsável por algumas cenas icônicas, como a que ela rola no feijão e chocolate. Oliver Reed também está ótimo, mas acabou meio ofuscado por Ann-Margret. Já Roger Daltrey... bom, ele é um cantor, não ator e, considerando que o personagem Tommy fica a maior parte do filme catatônico, até que ele não fez feio (basta abstrair a cara de abobado dele... rs). Participações especiais de Jack Nicholson e Paul Nicholas, ambos muito bem. O filme é muuuuuito bacana, já o havia visto há muitos anos, não me lembrava de como ele é legal, diferente, arrebatador. Adorei.
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