top of page
  • hikafigueiredo

"Tormento", de Alf Sjöberg, 1944

Filme do dia (103/2020) - "Tormento", de Alf Sjöberg, 1944 - Jan-Erik (Alf Kjellin) é um rapaz que é constantemente massacrado por seu professor de latim (Stig Jarrel), apelidado de "Calígula", por ser sádico e tirano com seus alunos. Certa noite, Jan-Erik encontra uma moça chorando na rua, a jovem Bertha (Mai Zetterling), Ao ajudá-la, Jan-Erik desencadeará uma série de terríveis eventos.





Roteirizado por ninguém menos de Ingmar Bergman, a obra discorre sobre o poder tirânico, a crueldade, a submissão e a libertação de uma situação de opressão. O personagem Calígula é "alimentado" pelo terror que desperta em seus alunos e naqueles que são por ele dominados. Ao longo da narrativa, percebemos que toda a altivez, a crueldade,o rigor, o sarcasmo e o poder de Calígula existem tão somente para mascarar a fraqueza do professor, um ser minúsculo na sua essência. O desfecho da obra é quase catártico, pois a verdadeira natureza de Calígula será revelada. O desenvolvimento da narrativa é perfeito e minucioso, como era de e esperar de Bergman. Em relação ao conteúdo, só reclamo da importância secundária que a figura de Bertha assume - aparentemente, o destino de Bertha é pouco importante para Jan-Erik, e isso me soou como um certo machismo, não sei explicar sem dar spoilers. O ritmo do filme é bastante lento, tipicamente nórdico, e, o tempo, cronológico. A fotografia do filme, P&B, bem demarcada, chamou a minha atenção, lembrando um pouco a fotografia do expressionismo alemão da década de 20. Outra coisa que me surpreendeu foram os posicionamentos de câmera, extremamente sofisticados, de estética impecável, e com muitos plongéé e contra-plongée. É realmente um filme muito bonito, muito estético. As interpretações também foram bastante positivas. Alf Kjellin consegue transmitir o transtorno por qual passa o personagem Jan-Erik e Mai Zetterling é hábil em transmitir seu desespero por ser oprimida e torturada pelo mesmo tirano que martiriza o rapaz (esse é um pequeno spoiler, mas qualquer espectador intui quem é o algoz de Bertha, mesmo antes de saber de fato). Já Stig Jarrel consegue ser um carrasco até certo ponto sutil, ele não pesa a mão no personagem de forma a ele não ser verossímil, pelo contrário, ele parece bastante plausível em sua maldade velada, em sua forma melíflua de transtornar aqueles que passam por seu caminho. A obra é beeeem bacana, bem dramática, mas não aquele melodrama norte-americano, mas, sim, aquele drama bem "sueco" (só quem conhece o cinema sueco sabe como eles conseguem transmitir a sobriedade e os reais problemas humanos!!!). O filme foi agraciado com a Palma de Ouro em Cannes em 1946. Recomendo fácil.

1 visualização0 comentário
bottom of page