Filme do dia (311/2021) - "Um Anjo para Satã", de Camillo Mastrocinque, 1966 - Em uma pequena vila italiana às margens de um grande lago, uma antiga estátua é resgatada das águas. Quando terríveis mortes começam a acontecer no vilarejo, os acontecimentos são imputados ao resgate da estátua, uma vez que uma antiga lenda local afirma que ela é amaldiçoada.
Último filme do box sobre terror gótico italiano, a obra foi a que mais me surpreendeu, pois conta com um roteiro absolutamente amarrado, muito bem desenvolvido e que tem até mesmo um plot twist lá pelas tantas. A história foca no restaurador Roberto, que é chamado para restaurar a estátua pouco antes da chegada de Harriet, a jovem herdeira das terras locais. Quando a moça volta para sua casa após quinze anos de internato, Roberto repara na semelhança dela com a estátua e acaba por conhecer a lenda que afirma que a obra é amaldiçoada. A ocorrência de diversas mortes e a súbita mudança de personalidade de Harriet - que passa a se apresentar como Belinda, uma antepassada - parecem indicar que a maldição realmente tem lugar e que não dará sossego aos habitantes do local. A narrativa é linear, com um rápido flashback que não interfere na cronologia da história. O ritmo é moderado, adequado para criar a tensão esperada. A atmosfera é bem menos sombria que dos demais filmes do box, talvez por explorar mais ambientes abertos e claros do que as obras antecedentes. A fotografia P&B permanece contrastada, mas é marcadamente mais clara que de outros filmes do gênero. A direção de arte de época permanece impecável. No elenco, Anthony Steffen interpreta o restaurador Roberto, com uma interpretação sólida, impondo um personagem cético, equilibrado e com toques de heroísmo; Barbara Steele, mais uma vez, surge com personagem dupla (pela terceira vez no box) - Harriet mostra-se uma moça ingênua e discreta, enquanto Belinda caracteriza-se por ser cínica, sedutora, ardilosa e cruel - e é perceptível a evolução da sua atuação desde o primeiro trabalho em "O Horrível Segredo do Dr. Hichcock" (1962), pois aqui ela está ótima nos dois papéis; Claudio Gora interpreta o Conde Montebruno, Ursula Davis interpreta Rita, Mario Brega atua como Carlo, Aldo Berti como Victor e Marina Berti como Illa. Essa é uma obra que qualquer informação a mais pode virar spoiler e estragar seu aproveitamento, por isso vou me abster de contar mais sobre ela. Fato é que eu gostei bastante do filme e acho que ele fecha com chave de ouro o box. Recomendo (e chega de gótico italiano por uns tempos rs).
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