"Um Condenado à Morte Escapou", de Robert Bresson, 1956
- hikafigueiredo
- 12 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Filme do dia (122/2018) - "Um Condenado à Morte Escapou", de Robert Bresson, 1956 - Lyon, França, 1943. O membro da Resistência Francesa Fontaine (François Leterrier) é aprisionado pelos alemães. Condenado à morte, ele passa a planejar uma fuga, considerada impossível pelos demais presos.

Baseado na história real do integrante da Resistência Francesa Andre Devigni, o filme é mais uma excepcional obra prima do diretor Bresson. Tensa, claustrofóbica e angustiante, a obra acompanha, dia após dia, o período em que o personagem esteve preso, acompanhando cada passo de seu plano de fuga, milimetricamente planejado por meses. Sob a constante ameaça de ser subitamente fuzilado, Fontaine planeja sua fuga sem saber se se seria descoberto durante o processo ou entregue por um possível delator ou, ainda, pego no momento em que fugisse. A narrativa, mais uma vez, é lenta, retratando cada detalhe do plano de fuga, criando, assim, uma tensão crescente. Como ocorre também em "Diário de um Padre", há a presença constante de uma narrativa em "off", em primeira pessoa. A história se passa, quase que na sua totalidade, dentro do presídio e, na maior parte do tempo, dentro da mesma cela, motivo pelo qual a sensação de claustrofobia é constante. Apesar de existirem outros personagens, o filme se concentra na figura de Fontaine e raríssimas são as vezes em que ele não é o centro da narrativa. Mais uma vez, Bresson consegue extrair, como poucos diretores fizeram, uma interpretação extrema de seus atores - François Leterrier é a imagem do condenado à morte, desesperado pela sobrevivência. Se os olhos de Mouchette demonstravam ódio e rancor, e os do padre, sofrimento e desalento, os olhos de Fontaine revelam o máximo de medo e inquietação, o receio contínuo de ser descoberto ou denunciado, a necessidade ininterrupta de se policiar para não se auto delatar. É fato... Bresson era um exímio diretor de atores e todos os seus intérpretes assumiam seus personagens como uma segunda pele. A obra é fenomenal, meu Bresson preferido até o momento, maravilhoso em todos os aspectos e ... teeeeenso, muito tenso!!! Obrigatório!!!!
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