“Uma Lição de Amor”, de Jessie Nelson, 2001
- hikafigueiredo
- 13 de out.
- 3 min de leitura
Filme do dia (81/2025) – “Uma Lição de Amor”, de Jessie Nelson, 2001 – Sam Dawson (Sean Penn) é um homem com grave deficiência intelectual que, após manter relações sexuais com uma moradora de rua, acaba engravidando-a. Depois do nascimento do bebê, a mãe foge, abandonando a filha recém-nascida com o pai. Com extrema dificuldade, Sam cria a criança, mas, quando ela atinge sete anos – a idade intelectual do pai – o governo tira a filha de Sam e a coloca em um orfanato. Disposto a tudo para retomá-la, Sam contrata a advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer) para defendê-lo.

Aaaaaaaain... Não sei por que eu ainda insisto em ver dramas estadunidenses, pois a chance de acabar com uma diabetes é gigantesca! O filme – extremamente manipulador – é um daqueles melodramas que não se sustentam no mundo real. A mesma temática nas mãos de um diretor europeu, ou asiático, ou de qualquer outro lugar, poderia render uma obra profunda e incômoda, mas, o que temos é uma história melosa e completamente irreal. A história foca em um homem com deficiência intelectual que cria, praticamente sozinho, a filha pequena, até que o governo tira a criança dele e a coloca para adoção. Lutando por seus direitos, ele procura uma advogada renomada que concorda em defendê-lo pro bono. E aí começa toda uma ladainha sobre “o que importa é o amor” e como o amor tece mudanças nas pessoas que – me desculpem – é totalmente inverossímil. Mas vamos separar joio do trigo. O filme tem dois méritos, que são a presença sempre irreparável de Sean Penn e o trabalho consistente da pequena Dakota Fanning. Os dois, juntos, conseguem fazer com que o filme seja minimamente tragável, o que, considerando o desenvolvimento do roteiro, é um feito e tanto. Sean Penn realmente convence como um deficiente intelectual, a gente esquece que ele não o é. E Dakota Fanning já mostrava que tinha talento desde pequenininha, pois seu olhar cheio de apreensão, dor, raiva, transmite tudo que a personagem precisava transmitir e um pouco mais. O filme, ainda, traz uma trilha sonora muito muito boa com “covers” de músicas dos Beatles interpretadas por gente de peso como Nick Cave, Black Crowes, Sheryl Crow, Eddie Vadder, dentre outros, o que o faz ser muito agradável aos ouvidos. Agora, o resto... chega a ser sofrível. Para mim, o pior é a suposta transformação da advogada Rita Harrison de pessoa horrível em um ser humano empático e acolhedor. A personagem de Michelle Pfeiffer e seu arco são absolutamente inverossímeis. Começa que a personagem é rasa, inconsistente, não passa a mínima credibilidade. Sua mudança brusca – que já seria pouco crível se fosse muuuuuito gradual – chega a ser patética. A cena em que Rita se desestabiliza e confessa suas fraquezas para Sam foi uma das piores – senão a pior – que eu vi em anos!!!! E talvez pela fragilidade da personagem, Michelle Pfeiffer parece perdidinha na sua interpretação, chega a dar desgosto. Quanto à mensagem do filme de que o amor tudo vence, vamos combinar, é simplista ao ponto do absurdo e faz do filme um agregado de clichês melosos e bobos. Enfim, a obra é fraca que só e confesso que, se não fosse Sean Penn, teria desistido no meio. Tecnicamente, é um filme padrãozinho Hollywood mediano – tudo bem-feitinho e sem criatividade. O elenco traz, ainda, Dianne Wiest como Annie – bem no papel, mas nada além disso; Elle Fanning como Lucy aos 4 anos; e Laura Dern como Randy, outra que sofreu pela rasura e volatilidade da personagem – que roteirinho ruim em desenvolvimento de personagens, misericórdia... Sean Penn foi indicado ao Oscar(2002) e ao Critics’ Choice Awards (2002), na categoria de Melhor Ator, por sua atuação, e, Dakota Fanning, ao mesmo Critics’ Choice Awards na categoria Melhor Jovem Intérprete. Eu achei fraquíssimo, vejam por sua conta e risco se quiserem. Disponível para compra no Apple TV.



Comentários