Filme do dia (253/2017) - "Una", de Benedict Andrews, 2016 - Quinze anos após ser abusada quando adolescente, Una (Rooney Mara) sai em busca de seu abusador Ray (Ben Mendelsohn) para confrontá-lo.
Baseado em um peça teatral de David Harrower, que também assina o roteiro, o filme propõe uma visão mais "neutra" e "não maniqueísta" acerca de um assunto espinhoso - a pedofilia. Então... difícil aceitar a "neutralidade" da obra que a mim me pareceu apenas machista e misógina, abrindo aquela velha "possibilidade" de uma vítima de abuso ter parte da responsabilidade pelo acontecido. De boa - não desce. E não me venham com a ladainha de que eu não estou sendo neutra - não há neutralidade no relacionamento de um homem maduro com uma menina que não tem nem quatorze anos. Bato o pé que a história é extremamente machista por colocar o abusador como um cara bacana e a vítima como uma "psycho" que o "stalkeia", colocando em risco a vida honesta que ele criou após sair da prisão. Não, definitivamente a história não me desceu. Mas o filme é ótimo para mostrar como é possível torcer um assunto e subverter uma verdade indiscutível como o fato de que sexo entre um adulto e uma criança ser imperdoável. Formalmente o filme é bom, bem feito, não tem "cara" de peça de teatro adaptada. Detestei a forma como os personagens foram mostrados - como já disse, a vítima parece uma tresloucada perseguindo o abusador, tentando seduzi-lo e ele aparece como o gente boa que, no fundo, amava a menininha - "atá". apesar da tosquice das ideias apresentadas, Rooney Mara está muito bem como a desequilibrada Una, assim como Ben Mendelsohn convence como o pacato Ray (apesar de não concordar com essa imagem, o ator não tem culpa). Olha... as ideias transmitidas, para mim, são absurdas, toscas, horríveis, difícil de concordar com elas... mas o filme, em si, é razoável, conseguiu me prender apesar de tudo (ou talvez eu tenha ficado tão irritada que me "adrenou" rs). Não sei se me sinto á vontade para recomendá-lo...
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