Filme do dia (152/2023) – “Vadio”, de Simão Cayatte, 2022 – O adolescente André (Rúben Simões), de 13 anos, vive com seu pai em um cantão isolado do Alentejo, onde trabalham perfurando o solo em busca de água. Certo dia, o pai de André desaparece e o rapaz precisa pedir a ajuda da vizinha Sandra (Joana Santos) para tentar encontrá-lo.
Concentrando sua atenção no personagem André, a obra discorre sobre a relação entre pais e filhos, abandono parental e o estabelecimento de conexões entre as pessoas. André, abandonado pelo pai, precisa recorrer a uma vizinha desconhecida para tentar encontrá-lo. Ocorre que Sandra, a vizinha, também tem questões a resolver envolvendo a filha de cinco anos e André surge como em percalço no caminho. Entre idas e vindas, André e Sandra acabarão sendo o apoio que o outro precisava. Então... ainda que o argumento abra boas possibilidades de evolução, tenho para mim que essas possibilidades foram bem pouco aproveitadas. A obra não evolui, ela não se desenvolve, parece patinar e rodar em torno de si mesma. Senti falta de novos acontecimentos ou, ao menos, de mudanças no percurso que ocasionassem outras expectativas. Talvez tenha sido uma percepção só minha, mas tive a sensação de ter saído do filme exatamente como entrei, isso é, a experiência não me agregou nada. A narrativa é linear, em ritmo moderado. A atmosfera foi, estranhamente, inexistente, ou seja, não consegui sentir praticamente nada ao longo da obra, o que foi bastante frustrante. O roteiro me pareceu incompleto, como se não tivesse sido concluído. Formalmente, o filme é correto – nada dele é ruim ou malfeito, mas também não há nada de excepcional ou que fuja muito do lugar comum. O elenco traz Rúben Simões como André – o rapaz se esforçou e entregou um personagem que convence; Joana Santos interpreta Sandra e a atriz tem alguns ótimos momentos (como a conversa dela com a mãe); Luísa Cruz interpreta a mãe de Sandra e, muito embora apareça em uma única cena, foi, na minha opinião, um dos pontos altos da narrativa. Não sei se assisti ao filme num mau dia, se estive com má vontade ou qualquer outra coisa, mas a verdade é que não houve a menor conexão entre o filme e eu. Achei a obra chatinha, tive sono no meio e, quando terminou a projeção, tive a sensação de ter perdido minutos preciosos de existência. Não, não rolou para mim, e, por isso mesmo, não recomendo.
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