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hikafigueiredo

“Vermelho, Branco e Sangue Azul”, de Matthew López, 2023

Filme do dia (120/2023) – “Vermelho, Branco e Sangue Azul”, de Matthew López, 2023 – Durante um casamento real na Grã-Bretanha, Alex (Taylor Perez), filho da presidenta dos EUA, envolve-se em um incidente com Henry (Nicholas Galitzine), príncipe britânico, causando uma crise internacional entre os dois países. No intuito de recuperar a imagem das famílias dos envolvidos, Alex e Henry são obrigados a fingir uma amizade inexistente, mas o que surge entre eles é muito mais do que uma simples amizade.





Dias depois de assistir ao insosso “Happiest Season” (2020), fiz nova incursão às comédias românticas LGBTQIA+, apostando agora no mais novo queridinho do gênero, o gostoso “Vermelho, Branco e Sangue Azul”. A história foca no inusitado romance entre o filho da presidenta estadunidense e um príncipe britânico, terceiro na linha de sucessão. Aqui, voltamos às questões relacionadas à crise de identidade e à assunção da homossexualidade, cuja problematização ganha novas dimensões quando entram em cena a imagem pública, os deveres de cargos políticos e o peso de centenas de anos de monarquia sobre os ombros. Se “sair do armário” é algo complexo e doloroso para um reles moral, o que se dirá disto quando quem busca assumir sua orientação sexual é alguém na mira do escrutínio público? A obra é uma adaptação para o cinema do romance de Casey McQuiston, a qual, de certa forma, brinca com os tradicionais contos de fada onde existe uma relação amorosa envolvendo a realeza – ganhando, aqui, contornos mais ousados. É perceptível que o autor tenta desviar de eventuais avaliações negativas relacionadas às demais pautas identitárias trazendo uma mulher como presidenta (e assim adoçando a opinião feminina/feminista) e a origem latina da família de Alex (quebrando um pouco a possível acusação de ser muito “white people problem” – o que é compreensível se considerarmos que, em um dos lados, temos a família real britânica), tudo para desviar dos excessos das demais militâncias. Certo é que o filme abraça a causa LGBTQIA+ ao mostrar o romance proibido e secreto entre as duas personalidades públicas e a luta interior de cada um dos amantes para se aceitarem e, de alguma forma, encontrarem seu lugar no mundo e na história. A narrativa é linear, em ritmo moderado e bem cadenciado. A atmosfera é suave, amorosa, confortável e, claro, sexy. Evidente que, como toda comédia romântica, tudo é muito idealizado e envolto numa aura cor-de-rosa – que, aqui, ganha um tanto de glitter para acompanhar. A qualidade técnica é impecável e o formato é bastante convencional, com um ou outro insight criativo como na cena em que a conversa por Whatsapp transcende o espaço e os personagens se imaginam no mesmo ambiente, ou nos recortes dos Instagram e das conversas por aplicativo entre eles. Gostei demais da escolha de elenco – impossível negar a química perfeita entre Taylor Perez e Nicholas Galitzine, ambos convencem demais como dois apaixonados. No papel da presidenta, a versátil Uma Thurman. Foi dada atenção à representatividade na presença de Sarah Shahi, Rachel Wilson, Aneesh Sheth, Malcom Atobrah, Sharon D. Clarke, Juan Castano, dentre outros (todos negros, latinos ou asiáticos). Amei ver o querido Stephen Fry como monarca – o diretor de cinema é um notório ativista pela causa LGBTQIA+. O filme é fofo... foférrimo, fofíssimo, na verdade, e quase me leva às lágrimas em algumas cenas. Lóóóóóógico que é mega previsível, mas dane-se, meu coração ficou quentinho e isso que me importa. Recomendo muito.

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