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  • hikafigueiredo

"Viagem ao Fim do Universo", de Jindrich Polák, 1963

Filme do dia (290/2021) - "Viagem ao Fim do Universo", de Jindrich Polák, 1963 - No ano de 2163, a nave Ikarie XB-1 é enviada ao sistema estelar Alpha Centauri para prospectar o "Planeta Branco", um planeta que reuniria as condições para desenvolver formas de vida como conhecidas na Terra. A longa jornada contará com incontáveis intercorrências e incidentes, as quais terão impacto sobre a tripulação, colocando a missão, inclusive, em risco.





A obra, criativa representante da Nouvelle Vague Tcheca, baseia-se em um romance de Stanislaw Lem e discorre menos sobre a questão interestelar do que acerca do relacionamento interpessoal entre os tripulantes. Com uma visão compassiva, empática, o filme "abraça", com carinho, as questões que surgem entre os participantes da expedição - dentre a tripulação não há heróis, não há vilões, todos mostram-se humanos, passíveis de erros, receios e atitudes imoderadas. Ao longo da viagem, vão acontecendo várias intercorrências, resultando nas mais diversas reações nos diferentes membros da equipe, e o espectador é levado a experimentar inúmeras sensações por conta disso. A narrativa é circular, ou seja, ela parte de um ponto, retorna a um tempo passado e desemboca novamente no ponto inicial. O ritmo é moderado, sem "correrias", mesmo nas cenas mais críticas. A atmosfera geral é bem variada - há momentos de tensão, de angústia e de alívio, mas o que me marcou foi o desfecho, num clima otimista e auspicioso. O roteiro, muito bem alinhavado, traz as mais diferentes ocorrências numa sucessão bem engendrada - não ficamos com a impressão de que algo ficou abandonado e esquecido, tudo se sucede com naturalidade e leveza, tudo parece se encaixar com facilidade. Visualmente, a obra é sofisticada e, ao mesmo tempo, quase "clean", sem exageros. A fotografia P&B é suave, sem contrastes extremos, com planos bem diversificados que vão de planos abertos mostrando o interior da nave, a planos detalhes de rostos ou objetos. O filme, acertadamente, deixa de lado os efeitos especiais, muito pouco utilizados ao longo da obra, focando mais nos personagens e seus dilemas. O elenco traz numerosos intérpretes, sem um protagonista único e fixo - os personagens se alternam no protagonismo das diferentes cenas, num movimento interessante e entre os intérpretes estão Zdenek Stepanek, Frantisek Smolik, Radovan Lukavsky e Otto Lackovic, dentre outros. Destaque para a cena inicial, o discurso na cena da nave abandonada e a cena final. O filme é grandioso a ponto de ter servido de inspiração a Stanley Kubrick para o seu maravilhoso "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1968) - Duvida??? Veja os dois filmes e fique impressionado com algumas semelhanças nas cenas. Eu gostei bastante e recomendo.

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