"Viver sem Endereço", de Paul Bettany, 2014
- hikafigueiredo
- 10 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Filme do dia (160/2016) - "Viver sem Endereço", de Paul Bettany, 2014 - Tahir (Anthony Mackie) é um refugiado nigeriano que vive nas ruas de Nova Iorque; Hannah (Jennifer Connelly) é uma viciada em heroína que, como Tahir, perambula pela cidade norte-americana. Seus caminhos se cruzarão e, juntos, porporcionarão, um ao outro, o afeto e a ajuda que tanto necessitam.

Drama sofrido, o filme é hábil em retratar as condições desumanas em que vivem os moradores de rua. É chocante observar que não há espaço para todos em abrigos em pleno inverno e que a burocracia impede que muitos moradores de rua consigam auxílio governamental. Também é estarrecedor observar a lógica capitalista em tudo - desde no funcionário do prédio que exige algo em troca de abrigo numa noite de tempestade de neve, até no hospital que precisa desocupar o leito para que um pagante o assuma. O roteiro, linear, é bem desenvolvido, e os personagens, convincentes, mas com reservas - quando cada um relata sua vivência passada, o histórico não "encaixa" direito naquilo que os personagens demonstram (sem spoilers). Mas, apesar dessa incongruência mencionada, o filme funciona bastante bem e causa o desconforto necessário para que o público passe a ver os habitantes de rua com outros olhos, quem sabe mais solidários. O filme, ainda, dialoga com outro com o mesmo tema - "Alguém para Dividir os Sonhos" - igualmente tocante. A dedicatória final ("ao casal que morava em frente ao meu prédio") arranca o espectador da tela e o joga diretamente na realidade - achei muito bom. O par central está muito bem em seus papéis, mas Jennifer Connelly destaca-se por sua aparência esquálida, cadavérica, condizente com a situação de viciada em heroína da personagem (apesar disso, a atriz mantém aquele rosto lindo que a caracteriza). A obra, enfim, funciona bem e não apela ao pieguismo (não muito, ao menos! rs). Recomendado.
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