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  • hikafigueiredo

“A Comunidade”, de Alex de la Iglesia, 2000

Filme do dia (44/2023) – “A Comunidade”, de Alex de la Iglesia, 2000 – Julia (Carmen Maura) é uma corretora de imóveis que usa os apartamentos que estão à venda para encontros amorosos. Certo dia, enquanto estava em um apartamento à venda, acaba se envolvendo com a morte de um vizinho e descobre, na residência dele, uma enorme fortuna. Disposta a tudo para ficar com o dinheiro, ela terá de enfrentar os demais vizinhos que, há anos, esperavam pela morte do idoso para colocar as mãos em sua fortuna.





Alex de la Iglesia jamais decepciona! Com seu humor ácido e non-sense, sempre traz críticas mordazes à sociedade e aqui não foi diferente. Acompanhando os passos da personagem Julia, Iglesia expõe a hipocrisia e ganância da sociedade, capaz de tudo por um punhado de dinheiro e bens materiais. Pela fortuna do falecido vizinho, os personagens – moradores do prédio onde o pobre diabo havia se isolado justamente por temer por sua vida – seriam capazes de mentir, trair e, claro, matar, e Julia rapidamente toma consciência disso. Aqui, o diretor espanhol alia, com habilidade, seu humor macabro com uma grande dose de suspense, fazendo do filme um delicioso thriller cômico. A narrativa é linear, em um ritmo intenso e crescente. A atmosfera é de tensão, muito embora o humor jamais se afaste. O roteiro ágil e bem desenvolvido traz momentos de non-sense, mas os acontecimentos inverossímeis em nada atrapalham a história, que flui com facilidade, envolvendo o espectador. A obra me remeteu ao ótimo “Delicatessen” (1991), muito embora as circunstâncias não fossem exatamente as mesmas. Gostei da concepção da fotografia, com uma câmera curiosa e nervosa, bem movimentada, e assumindo, por vezes, o ponto de vista dos personagens. Também gostei bastante do desenho de produção, em especial no que tange ao apartamento do falecido (em um primeiro momento, pensei tratar-se de um acumulador, mas, na verdade tratava-se de alguém recluso, lutando por sua vida, praticamente um refém dos vizinhos, prestes a assassiná-lo pelo seu dinheiro). Alex de la Iglesia tem, ainda, o dom de escolher os intérpretes certos para seus personagens e uma mão abençoada para a direção de atores. Carmen Maura, atriz versátil e simplesmente fantástica, foi uma escolha perfeita para o papel de Julia, uma personagem dividida entre a ganância de ficar rica e o desejo de manter-se viva e a expressividade da atriz foi essencial para a construção da personagem. No papel de Charly, o ótimo Eduardo Antuña. No elenco, temos ainda, Terele Pávez como Ramona, Roberto Perdomo como Oswaldo, Emilio Gutierrez Caba como Emílio, Paca Gabaldon como Hortensia, Enrique Villén como Dominguez, dentre outros (o elenco é bem grande). O filme é muito divertido, daqueles que envolvem e fazem com que o espectador nem pisque. Eu gostei demais e recomendo (como tudo o que vi até hoje de Alex de la Iglesia).

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