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hikafigueiredo

"A Garota Desconhecida", de Jean-Pierre e Luc Dardenne, 2016

Filme do dia (53/2018) - "A Garota Desconhecida", de Jean-Pierre e Luc Dardenne, 2016 - Jenny (Adèle Haenel) é uma jovem médica francesa que atende a população mais humilde e que não possui convênio médico. Ela é atenciosa com seus pacientes e bastante severa com seu estagiário. Um dia, Jenny opta por não abrir a porta do consultório para alguém que chegou uma hora após o fim do expediente. No dia seguinte, ao saber que uma moça desconhecida fora encontrada morta nas cercanias, Jenny fica transtornada por não ter atendido a pessoa.





Gosto muito dos filmes dos irmãos Dardenne por eles sempre retratarem pequenos dramas pessoais que passariam despercebidos por qualquer pessoa que não estivesse diretamente envolvidos na questão. Foi assim com "Dois Dias, Uma Noite", "A Criança", "Rosetta" e "O Garoto de Bicicleta" e, também, com essa obra. Mais uma vez - já que parece ser um tema recorrente na obra dos diretores - a história se concentra no peso da responsabilidade e na culpa - a jovem médica sente-se responsável pela morte da garota , assim como pela decisão de seu estagiário em abandonar a medicina e tenta, na medida do possível, reverter ou, ao menos, amenizar o resultado de suas ações. A narrativa toda, pois, se concentra no esforço da jovem em "consertar coisas", mesmo que, para tanto, acabe se prejudicando ou se colocando em sério risco. O clima da obra é sóbrio, contido, e apesar de existir certo suspense, o ritmo é bastante pausado, sem os atropelos e os clímaces normais do gênero. É interessante como a personagem assume toda a responsabilidade, como chama para si todas as consequências, e como isso pode ser "sentido" pelo espectador - principalmente porque raras são as pessoas que assumem suas responsabilidades. Esteticamente, tudo chama para a sobriedade, desde a direção de arte que opta por tons frios e apagados, até a fotografia meio "lavada", sem contrastes e sem qualquer exuberância, bem naturalista. Pelo mesmo motivo, não há qualquer trilha sonora, o que resulta num maior "peso" à obra. Gostei bastante da interpretação contida de Adèle Haenel - como boa médica, ela não é dada a arroubos emotivos e, ainda que ceda ao seu sentimento de culpa, não externiza seus sentimentos para as pessoas. Não acho que esse seja um filme arrebatador, assim como não acho que muita gente vá gostar dele por conta de sua austeridade e comedimento, que não cede à emoção, mas eu gostei sim, como gosto da filmografia dos diretores. Recomendo para quem gosta deste estilo contido de contar uma história.

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