Filme do dia (142/2024) – “Vermiglio”, de Maura Delpero, 2024 – 1944, Norte da Itália. Na pequena cidade de Vermiglio, a família do professor da cidade leva a vida com muito trabalho. A chegada de um soldado desertor – Pietro (Giuseppe De Domenico) – vai modificar a dinâmica da família, pois a filha mais velha, Lucia (Martina Scrinzi), e ele logo se apaixonarão.
Indicado como representante da Itália ao Oscar (2025), o filme discorre sobre o cotidiano da família do professor e demais moradores do local, retratando os reflexos da relação que se estabelece entre um desertor da guerra recém-chegado e a filha mais velha do professor. Então... a narrativa é um recorte temporal daquela família retratada. Ainda que existam acontecimentos que influenciarão na dinâmica familiar, nada mais são que o simples transcorrer da vida. O que eu quero dizer é o que a obra não vai retratar situações ultra excepcionais e nem momentos de ruptura, mas, tão somente, o “viver a vida”, com seus obstáculos comuns e intercorrências normais de qualquer família. Eu saí do cinema dizendo “É... é uma história”. Confesso que fiquei um pouco decepcionada, pois esperava algo mais... extraordinário, que saísse mais da curva, que mexesse mais com minhas emoções e, o que eu tive, foi o cotidiano comum de uma família de uma pequena cidade no norte da Itália em meados da década de 1940. O filme não traz nenhuma reflexão especial, não defende nenhuma ideia particular, nada... é um simples fragmento daquela realidade. Não vou entrar no mérito da qualidade técnica do filme – tudo ali é de primeira linha. Belissimamente fotografada, a obra retrata a beleza cênica do local e o aconchego do lar familiar, numa fotografia colorida puxada para tons quentes. O desenho de produção de época é caprichado e se aplica em mostrar detalhes da vida daquele lugar. A trilha musical, que mistura a música diegética com a incidental (temos diversas cenas em que a música de um gramofone, portanto, pertencente ao universo ficcional, extrapola o limite da cena e continua, como música incidental, nas cenas subsequentes), apoia-se em músicas clássicas, com destaque para As Quatro Estações, de Vivaldi. Tudo é lindo e vistoso. O elenco traz Tommaso Ragno como o sisudo professor, Giuseppe De Domenico como o desertor Pietro, Martina Scrinzi como Lucia, Rachele Potrich como Ada e Carlotta Gamba como Virgínia. Eu destacaria a interpretação de Martina Scrinzi, pois a personagem Lucia é a mais exigente da história e atriz a interpreta com afinco. Sinceramente, é um filme lindo, porém amorfo, que não desperta grandes e genuínas emoções. Recomendo para quem se apega muito a estética cinematográfica e à qualidade técnica. Assistido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
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