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hikafigueiredo

"A Verdadeira História de Ned Kelly", de Justin Kurzel, 2019

Filme do dia (75/2021) - "A Verdadeira História de Ned Kelly", de Justin Kurzel, 2019 - Austrália, 1867. O menino Ned Kelly (Orlando Schwerdt), de 12 anos, vive com sua família paupérrima e desregrada em um cantão do país. Ele é alçado por sua mãe Ellen (Essie Davis) ao "homem da casa", tendo de alimentar seus irmãos e defender a família. Ele é vendido por sua mãe ao fora da lei Harry Power (Russell Crowe), sendo jogado em uma vida de crimes e sendo, posteriormente, preso. Adulto, Ned (George MacKay) retorna ao lar para reencontrar a família e recomeçar sua vida criminosa.





A obra de Justin Kurzel discorre sobre a lendária figura do fora-da-lei australiano, de origem irlandesa, que ousou enfrentar as autoridades do país, então colônia inglesa. O filme começa afirmando que nada do que está lá é verdade, de forma que tudo indica que apenas algumas das referências são reais e o restante é fruto exclusivo do escritor Peter Carey, autor do livro em que se baseia o filme. A obra busca, claramente, humanizar a figura do fora-de-lei, procurando razões e justificativas para ele ter enveredado pelo mundo do crime - conseguindo, em boa parte, seu intento, pois é impossível imaginar outro fim para alguém nascido e criado em uma família como a dele. Por outro lado, enquanto a narrativa busca essa humanização de Ned Kelly, leva à verdadeira "demonização" de seus familiares, em especial, de sua mãe - e, na minha opinião, exagera um pouco na dose, pois a mulher é mostrada como uma criatura egoísta e traiçoeira, muito embora adorada pelos filhos. A narrativa tem dois blocos bem definidos: a infância de Ned e sua vida adulta. No arco da infância, vemos a construção daquilo que o fora-da-lei iria se tornar e a origem de seus dramas pessoais, mágoas e sentimentos de vingança; no arco da vida adulta, temos, também, dois momentos: antes de formar seu bando e após criar seu grupo de criminosos. No primeiro momento, vemos Ned buscando alguma alternativa ao crime - ele, ali, ainda guarda esperanças de levar uma vida normal e tranquila; já no segundo momento, Ned já se encontra tomado por sentimentos de revolta e vingança, o que é majorado com a prisão de sua mãe. O clímax da obra encontra-se neste ponto, quando Ned, liderando seu bando de foragidos, age impulsivamente e abraça voluntariamente a vida criminosa, assaltando bancos e assassinando todo e qualquer agente da lei que cruzasse seu caminho. A narrativa é linear e o ritmo é ágil e crescente, "explodindo" nas cenas finais. A atmosfera começa melancólica e desesperançada, mas ganha uma perspectiva grandiosa e um tanto enlouquecida no terço final - o personagem ganha uma dimensão insana, messiânica, assustadora, muitíssimo bem assumida pelo ator George MacKay (aliás, quis ver o filme muito por conta do ator, na minha opinião, excelente). Vale destacar, ainda, o trabalho de Essie Davis como mãe de Ned - ela interpreta uma Ellen Kelly egoísta e manipuladora, daquelas personagens que adoramos odiar. Russell Crowe, por sua vez, está quase irreconhecível como Harry Power - eu sei que ele sempre rejeitou sua fama de galã, mas não esperava vê-lo tão "estragado" assim!!!! No elenco ainda, Charlie Hunnam como Sargento O'Neill, Nicholas Hoult como Fitzpatrick, Thomasin McKenzie como Mary e Earl Cave como Dan Kelly. Hmmmm... a trilha sonora é meio esquisita e, pelo menos em parte, equivocada na minha opinião. O filme é bem bacana e prendeu muito a minha atenção, mesmo eu estando morrendo de sono antes de começar a assisti-lo (o sono sumiu rapidinho). Recomendo, principalmente pela atuação de George MacKay.

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