Filme do dia (24/2024) – "American Graffiti – Loucuras de Verão”, de George Lucas, 1973 – 1962. Em uma pequena cidade do interior, os amigos Curt (Richard Dreyfuss) e Steve (Ron Howard) aproveitam a última noite antes de partirem para a universidade em outro estado. A eles se juntam o “bad boy” John (Paul Le Mat) e o desajeitado Teddy (Charles Martin Smith), e, durante está noite, as vidas de todos sofrerão mudanças.
Acredito que George Lucas buscou inspiração no clássico “Juventude Transviada” (1955) para criar esta obra, pois existem alguns pontos de intersecção entre os dois filmes. No entanto, enquanto “Juventude Transviada” carrega na carga dramática, “American Graffiti” caracteriza-se por sua leveza e por trazer uma evidente memória afetiva de uma época passada. A história discorre sobre quatro amigos que, ao longo de uma noite, irão se deparar com questões pessoais que serão transformadoras em suas vidas: Curt e Steve estão prestes a partir para a faculdade, mas, enquanto o segundo tem certeza de sua decisão, o primeiro começa a ratear e questionar suas escolhas; John, acostumado a ser o maioral nos rachas da cidade, encontra em Bob, uma adversário à altura; e Teddy, visto por todos como um jovem desengonçado e despido de atrativos para as garotas, resolve tentar algo com a bela Debbie. O filme faz o gênero “garotas, carrões e rock and roll” e, ainda que na época de seu lançamento, tenha feito sucesso e sido considerado bastante arrojado, nos dias de hoje, some na mesmice de inúmeros filmes com temática semelhante, quando não absolutamente igual. Eu cansei de ver cenas de carros de época “envenenados”, correndo de lá para cá, ou desfilando pelas ruas da cidade. Cansei, ainda mais, das infinitas cenas onde os personagens conversam pelas janelas dos automóveis em movimento – além de hoje isso ser clichê, o excesso de cenas parecidas no decorrer do filme só me trouxeram uma sensação de “deja vu” extremo. Não vou mentir – achei o filme fraquinho, não consegui me ligar a ele e o assisti de uma maneira quase protocolar. Por outro lado, o roteiro consegue alternar os diferentes núcleos sem se perder e sem fazer o espectador confundir quem é quem – afinal, são quatro amigos que estão, cada qual, em seu “nicho” de história, que poucas vezes se misturam e que trazem diferentes questões ligadas ao fim da adolescência e começo da vida adulta (relacionamentos amorosos, escolhas profissionais, autoaceitação, vivência com o grupo de amigos, questões familiares, reafirmação perante a sociedade, dentre outros). Achei o filme muito “masculino”, pois traz uma visão de mundo essencialmente ligada ao universo dos homens, inexistindo qualquer espaço para uma visão feminina de quaisquer daquelas questões. Quem gosta de carros de época vai vibrar com as escolhas do desenho de produção – são infinitos os automóveis diferentes. Confesso que a trilha sonora foi de arrebentar com dezenas de músicas dos anos 50 e 60, de famosos como Bill Haley and The Comets, Buddy Holly, The Beach Boys, Chuck Berry, The Platters, e por aí vai. No elenco, temos um Richard Dreyfuss em começo de carreira, já mostrando a que veio, como Curt e Ron Howard, muito bem, como o decidido (ou não) Steve. Os destaques ficam por conta de Candy Clark como Debbie (que posteriormente seria indicada para vários prêmios como Atriz Coadjuvante) e para Harrison Ford em seu primeiro papel no cinema, aqui como Bob Falfa. O filme foi indicado ao Oscar (1974) em cinco categorias (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição), além de outras tantas indicações BAFTA (1975). O filme recebeu os Globos de Ouro (1974) de Melhor Comédia ou Musical e Melhor Revelação Masculina, para Paul Le Mat. Eu confesso que não entendo todo esse frenesi, achei o filme bem mediano. Vejam por sua conta e risco.
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