Filme do dia (181/2021) - "Aqui é o Meu Lugar", de Paolo Sorrentino, 2011 - Cheyenne (Sean Penn) é um ex-astro do rock, cinquentão e recluso em sua casa na Europa que vê sua rotina ser interrompida com a notícia de que seu pai, que não vê há muitos anos, encontra-se à beira da morte. Ele viaja de navio para a América e descobre que seu pai estava atrás de um antigo criminoso nazista, assumindo seu lugar na busca.
Filme simpático, porém um pouco esquisito, a obra mescla drama com road-movie e aposta na jornada de auto-conhecimento do protagonista, que resiste a amadurecer e assumir seu envelhecimento. Cheyenne mantém, há trinta anos, o mesmo visual andrógino e há vinte anos não produz mais nenhuma música, vivendo de sua fortuna e de aplicações na bolsa de valores. Completamente estacionado no tempo e recluso em sua mansão, ele é forçado a sair da inércia pela iminente morte de seu pai. A viagem de volta aos EUA fará com que ele tenha de confrontar questões de seu passado e do passado de seu pai, um ex-prisioneiro de Auschwitz. Cheyenne será obrigado a rever suas decisões e, finalmente, seguir adiante, saindo da estagnação. O diretor Paolo Sorrentino trata, aqui, de um tema recorrente na sua filmografia - o envelhecimento. Tratando diretamente o tema, como em "A Juventude" (2015), ou como assunto transverso, como em "A Grande Beleza" (2013) e "Aqui é o Meu Lugar", o envelhecimento parece ser uma verdadeira obsessão para o diretor - trazendo, a reboque, questões como amadurecimento, decadência, autocrítica e resignação. Neste filme, os anos passados levam Cheyenne a fazer novas e mais maduras decisões, mas me incomodei com a mensagem relacionada ao seu aspecto físico - qual o problema do personagem manter seu visual andrógino e exótico apesar da idade? Achei a ideia antiquada e conformista, não gostei. As referências da obra - tanto estéticas, quanto musicais - são todas oitentistas - do visual que mimetiza Robert Smith, do The Cure, à presença do ótimo David Byrne, do Talking Heads. A trilha sonora, inclusive, é assinada por Byrne (o que, na minha opinião, já garante qualidade). No elenco, além de Sean Penn - ótimo, como sempre -, Frances McDormand, Eve Hewson, Judd Hirsch e Harry Dean Stanton, o último em um papel que eu não consegui entender a que veio. Eu gosto de filmes sobre jornadas de auto-conhecimento e não seria diferente aqui, mas, dos filmes do diretor que já vi, este foi o que menos me envolveu - ainda prefiro, mil vezes, "A Grande Beleza". Mas é uma obra agradável e que merece ser conhecida. Recomendo.
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