Filme do dia (82/2017) - "Desajustados", de Dagur Kári, 2015 - Fúsi (Gunnar Jonsson) é um homem de meia idade obeso, tímido, apático e ligeiramente infantilizado. Fúsi ainda mora com a mãe, sofre bullying no trabalho e é extremamente solitário. Sua rotina monótona se transformará ao conhecer a instável Sjöfn.
O filme, basicamente, discorre sobre a vida daquelas pessoas que não estão exatamente adequadas à sociedade. Fúsi é completamente desajustado ao meio, o que não o impede de ser companheiro, agradável, amigo e sensível. Mesmo com o mundo todo sendo pouco compreensivo com Fúsi, ele não se mostra rancoroso e possui uma generosidade convidativa e acolhedora. O desfecho não chega a ser deprimente, mas está longe de dar grandes esperanças aos "diferentes". A narrativa tem ritmo pausado mas constante - não chega a ser lento, mas também não prima pela agilidade. O melhor do filme é a construção dos personagens Sjöfn e, principalmente, Fúsi. Enquanto a primeira alterna euforia com depressão, delicadeza com grosseria e é marcada pela indecisão, Fúsi é a imagem do equilíbrio, constância e conformismo - e isso fica muito claro ao longo do filme. É uma obra um pouco incômoda - talvez pelo meu excesso de empatia pelo outro e pelo diferente - mas que acredito que vale a pena ser vista, justamente por dar alguma voz a quem normalmente não a possui. Eu gostei, mas sem entusiasmo.
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