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hikafigueiredo

"Fantasma", de F. W. Murnau, 1922

Filme do dia (348/2020) - "Fantasma", de F. W. Murnau, 1922 - Lorenz Lubota (Alfred Abel) é um escrivão que cai em desgraça ao se apaixonar pela breve imagem de Veronika (Lya de Putti), uma moça de família rica que o atropela com uma carruagem. Obcecado pela beleza da jovem, Lorenz encontra em Melitta uma sósia de Veronika e entrega-se a ela, levando ele e sua família à ruína.





Com um roteiro intrincado para a época, baseado em um conto de Gerhart Hauptmann e adaptado para as telas por Thea von Harbou, o filme é dividido em seis atos e composto por diversos pequenos arcos simultâneos que se encontram, trazendo consequências para todos os personagens envolvidos. A obra discorre sobre a ruína de um homem que se entrega a seus devaneios e se desvia do seu caminho pela obsessão por uma imagem de mulher. A trama tem evidente conotação com o momento histórico pelo qual a Alemanha passava - recém saído da Primeira Guerra, arruinado e humilhado, o país teria se desviado do que seria seu destino natural por seguir devaneios de grandeza - e se encontra totalmente inserida no movimento do Expressionismo Alemão. A narrativa é um grande flashback, pois inicia com o personagem Lorenz escrevendo acerca de seu passado como maneira de "exorcizar" sua culpa e seus demônios interiores. O ritmo é um pouco irregular, com momentos mais marcados e outros mais lentos. A atmosfera, como era de se esperar de uma obra expressionista, é de desalento e desespero, tanto quanto o espírito da nação naquele momento. Formalmente, a obra também segue os moldes expressionistas - com uma fotografia P&B bastante contrastada e uma direção de arte que privilegia as assimetrias, diversas são as cenas oníricas relacionadas aos devaneios e à obsessão do personagem Lorenz, num clima sombrio e "psicológico". Ainda que boa parte das cenas sejam mais convencionais, temos algumas cenas marcadamente criativas e ousadas, como a cena em que Lorenz e Melitta passam um dia juntos e Lorenz, à beira de um colapso e vivenciando um verdadeiro pesadelo, percebe, de forma alterada, o que se passa ao seu redor. No elenco, enorme para a época e responsável pelos vários arcos simultâneos, destaque para as interpretações de Alfred Abel como Lorenz, Frieda Richard como a mãe de Lorenz, Lya de Putti como Melitta e, principalmente, Grete Berger como a tia Schwabe. Ainda que veja méritos no filme, admito que o roteiro complexo e cheio de detalhes (para um filme mudo) me cansou um pouco e acabei não me envolvendo com a obra e, dos filmes que já vi do diretor, foi o que eu menos gostei. Recomendo apenas para quem quer se aprofundar nos filmes do Expressionismo Alemão.

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