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hikafigueiredo

"Frantz", de François Ozon, 2016

Filme do dia (267/2020) - "Frantz", de François Ozon, 2016 - Alemanha, 2019. A jovem Anna (Paula Beer) visita, todos os dias, o túmulo de seu noivo Frantz, morto no front da guerra. Certo dia, ela vê um rapaz depositando flores na sepultura de seu amado e logo descobre tratar-se de Adrien (Pierre Niney), um antigo amigo francês de Frantz, sem saber que ele guarda um segredo.





Devo dizer que o filme me surpreendeu. Tive uma impressão bastante equivocada acerca dos rumos que a história teria e, lá pelas tantas, fui pega de surpresa - e isso me agradou um bocado. A obra discorre sobre as cicatrizes da guerra, sobre a culpa e sobre perdão. Trata, ainda, da fragilidade de quem perde um ente querido de maneira trágica e de como sonhos pedem para ser reconstruídos após uma tragédia. Por fim, o filme ainda fala sobre a mentira e a responsabilidade que temos para com os outros. É uma obra sensível e muito dolorosa. O foco está em Anna, a jovem que enviuvara antes mesmo de se casar e que carregava, consigo, saudades do que sequer chegou a acontecer. Sem qualquer vontade de continuar viva, Anna conhece Adrien, que se apresenta como um antigo amigo do noivo de Anna, da época em que estudaram, juntos, em Paris. O rapaz traz um lufo de vida para Anna e para a família do soldado falecido ao trazer à tona momentos vividos por Frantz em Paris. Mas a dor de Anna retornará ao saber detalhes acerca da natureza da relação entre os dois jovens. Não vou revelar mais para não dar spoiler, mas aviso que a narrativa trata de assuntos bastante dolorosos e, em última análise, traz uma mensagem pacifista e contra toda e qualquer guerra. A narrativa é predominantemente linear, mas, aqui e ali, temos cenas relacionadas às histórias de Adrien. O ritmo é pausado e introspectivo. A fotografia é de um P&B suave, pouco marcado, acompanhando a atmosfera de sofrimento da personagem, mas, junto com os sopros de vida que boas lembranças ou momentos mágicos trazem à Anna, o filme ganha cores e torna-se mais brilhante. A trilha sonora é leve, marcada por música clássica. As interpretações de Paula Beer e Pierre Niney me impressionaram a valer. Paula Beer interpreta uma Anna complexa, ela possui sentimentos complicados e contraditórios acerca de quase tudo, mas, em especial sobre Adrien. E Pierre Niney consegue passar, em seu olhar e na sua linguagem corporal toda a dor e culpa de quem voltou de uma guerra com muitos mortos de ambos os lados. Gostei demais do filme e de como a complexidade da vida e dos sentimentos é exposta. Recomendo, mas não para dias melancólicos.

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