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hikafigueiredo

"Guerra Fria", de Paweł Pawlikowski, 2018

Filme do dia (46/2019) - "Guerra Fria", de Paweł Pawlikowski, 2018 - Polônia, década de 1940. Após o fim da Segunda Guerra, a Polônia encontra-se sob domínio soviético. Wiktor (Tomasz Kot) é um compositor em busca de jovens talentosos para uma escola de música e dança típicas polonesas. Rapidamente, Wiktor se encanta com a aluna Zula (Joanna Kulig) e dá início a um conturbado relacionamento com ela. Mas a vida dentro dos limites da "Cortina de Ferro" pode não ser fácil para quem quer dar asas ao seu talento.





O gênero romance raramente me agrada e sensibiliza - meu coração peludo acha quase todos os filmes românticos meio patéticos. Mas, para tudo na vida há exceção. Talvez por ter um componente dramático que, por vezes, suplanta muito o romântico, essa foi uma obra que me agradou bastante. Existe, na narrativa, uma dicotomia bem interessante entre a necessidade de liberdade artística de Wiktor e seu engessamento no terreno amoroso decorrente de sua fixação por Zula - e cujo conflito seria o reflexo da "Guerra Fria" do título. Também é muito bacana o pano de fundo da história de amor, mostrando a realidade intramuros de uma sociedade socialista dominada pela ditadura stalinista e seu contraste com uma sociedade onde a liberdade impera - aqui representada pela sociedade francesa. Destaque para forma "gentil" como os opositores são tratados em qualquer regime ditatorial (ironia mode on). A obra, apesar de não ser um musical, é extremamente influenciada pela música e dança, passando por cânticos típicos de camponeses polonesas até chegar no rockabilly norte-americano e na improvisação do jazz - tudo muito lindo!!!! Não dá para não falar da belíssima fotografia P&B da obra, que faz com que o filme pareça suspenso no tempo. Quanto às interpretações, existe uma tal sintonia entre Tomasz Kot e Joanna Kulig que não há movimento do casal que não soe real, esteja, o par, no auge de sua paixão, esteja em pé de guerra e se agredindo mutuamente. A cena de Zula boiando no rio enquanto entoa uma cantiga de amor polonesa é antológica!!!! O filme é lindo, sensível e cheio de conteúdo e leituras, mereceu sua indicação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (perdendo para "Roma", outro filmaço). Filme obrigatório.

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