Filme do dia (260/2018) - "Infiltrado na Klan", de Spike Lee, 2018. Colorado, 1978. O policial negro Ron Stallworth (John David Washington) consegue se infiltrar em uma célula da Ku Klux Klan. Dividindo o personagem criado para a investigação com o policial branco Flip Zimmerman (Adam Driver), responsável pelo "corpo físico" do personagem, Ron conquista a simpatia e confiança de figuras eminentes do movimento, levando, por meses, a investigação acerca do grupo racista.
Após dirigir o equívoco da refilmagem de "Oldboy" (pra quê, Senhor???!!!), Spike Lee se redime fazendo uma obra sobre o que ele melhor sabe falar: a condição do negro no mundo e, especificamente, nos Estados Unidos. Expondo o racismo escancarado dos norte-americanos, o diretor mostra um pouco das entranhas de um dos piores grupos racistas do mundo, a Ku Klux Klan, bem como a mobilização dos negros em busca de seus direitos civis. É um filme indigesto para quem acredita na igualdade entre as pessoas e evidencia a necessidade de se combater, diariamente, o racismo, seja através de ações afirmativas, seja através de movimentos que exaltem a negritude. É doloroso saber que realmente existem pessoas como David Duke, um expoente da Klan, ou seus asseclas, pessoas absolutamente odiosas e violentas. O filme ainda deixa claro, para quem não entendeu, que existe uma grande diferença entre a ação do opressor e a reação do oprimido - é impossível comparar a conduta ignorante dos segregacionistas coma luta justa por direito dos grupos negros. O filme tem um ritmo constante, e, apesar de ter momentos de alguma leveza e até comicidade, é uma obra muito tensa que, sob uma aparente suavidade, trata de assuntos por demais pesados. Destaque para a narrativa sofrida de Harry Belafonte acerca do assassinato de um jovem negro (a descrição do que foi feito com o jovem é de deixar qualquer um atormentado). Lindo o trabalho de John David Washington como Ron, assim como o de Laura Harrier como a ativista negra Patrice (linda, linda!!!). Adam Driver, por sua vez, protagoniza algumas das cenas mais tensas e angustiantes como o "Ron branco", que poderia ser desmascarado e morto a qualquer momento (lembrando que Flip tinha origem judaica, o segundo grupo humano mais odiado pela Klan). O filme é excelente e não cansa quem está acostumado ao ritmo dos filmes norte-americanos. Obrigatório.
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