Filme do dia (326/2020) - "Inimigos Públicos", de Michael Mann, 2009 - EUA, 1933. O assaltante de bancos John Dillinger (Johnny Depp) tem a simpatia da população por não roubar os cidadãos e por ter uma imagem de homem gentil e educado. O agente do FBI Melvin Purvis (Christian Bale) é destacado para deter o criminoso, tornando-se sua obsessão.
Inspirado em fatos reais, uma vez que tanto o agente policial Purvis, quanto o assaltante Dillinger realmente existiram, o filme narra a história da dupla sob uma ótica extremamente romântica e idealizada, pois as imagens de policial incorruptível de um lado e de criminoso amável de outro são para lá de fantasiosas e pouco encontram respaldo na realidade. A história mostra, como pano de fundo, a época da Grande Depressão, momento na história dos EUA em que a população encontrava-se desgastada emocional e financeiramente e começava surgir, pelo seu território, o crime organizado. A narrativa acompanha os passos de Dillinger e seu envolvimento com Billie, que seria sua companheira até a morte do assaltante. Com um ritmo furioso e com uma profusão de cenas de perseguição, tiroteios e fugas mirabolantes, a obra me passou a sensação de querer se igualar ao ótimo "Os Intocáveis" (1987) e, na minha opinião, falhou miseravelmente na proposta. Não que seja um filme ruim - não, de forma alguma -, mas é... mais do mesmo. Para mim, nem as inovações técnicas - o filme foi rodado em alta definição digital -, nem o elenco estrelado, foram capazes de trazer algum tempero à obra que me chegou insossa e requentada ao ponto de ter sido uma luta para chegar ao final. Okay, eu concordo que eu tenho cada vez menos boa vontade com o cinemão norte-americano, sempre por demais apoiado em fórmulas e com vistas ao mercado e, com frequência, desprovido de qualquer criatividade e "cor" autoral, mas acredito que aqui nem seja má vontade, o filme é, realmente, sem qualquer tempero e, certamente, será esquecido em pouquíssimo tempo. A narrativa é linear, a linguagem é bastante convencional e a história flui suave, sem percalços. Eu, particularmente, achei as cenas de tiroteios e perseguições por demais longas, o que me aborreceu um bocado. A fotografia, por ser digital, tem um ar meio surreal - podem me chamar de antiquada, eu gosto da velha e boa película, das imagens granuladas e da sensação de familiaridade que ela me traz -, ainda que as cenas dos tiroteios tenham ficado bem bonitas com as luzes dos disparos aparecendo. O filme tem diversas cenas de "câmera na mão", com um ar meio jornalístico, que não casaram bem com o todo e que ficaram bem esquisitas e deslocadas. Os enquadramentos são absolutamente convencionais e faltam-lhes criatividade. O elenco de peso me pareceu pouco inspirado, ainda que tenha me agradado ver Depp atuando sem maneirismos, algo que anda meio raro em se tratando do ator. Do elenco, aliás, ele é quem está melhor, pois Marion Cotillard como Billie e Christian Bale como Purvis, a despeito do talento inegável de ambos, pareceram-me extremamente protocolares. No final das contas, apesar de não ser exatamente ruim, o filme não me agradou e eu tenho certeza que em menos de uma semana nem vou me lembrar dele. Ah, não recomendo não, vejam "Os Intocáveis" que é infinitamente melhor.
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